A Petrobras está perto de iniciar a perfuração do primeiro poço em águas profundas na Bacia da Foz do Amazonas. A empresa aguarda apenas a liberação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realizar um teste operacional, etapa final antes da concessão da licença para a exploração.
A estatal pretende realizar o ensaio ainda em junho. O Ibama, no entanto, ainda não definiu a data oficial para o teste.
A estrutura que permitirá o teste foi aprovada nesta segunda-feira, 19. Trata-se de uma base de resgate à fauna instalada no município de Oiapoque, no Amapá.
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Como resultado, a autorização abre caminho para o que a Petrobras chama de avaliação prévia operacional — uma simulação de vazamento de petróleo, feita para demonstrar a capacidade de resposta da estatal em caso de acidente durante a perfuração.
Antes de seguir para o local da perfuração, a cerca de 175 quilômetros da costa, a Petrobras finaliza a limpeza do casco da unidade perfuradora, que ainda apresenta presença de corais.
Segundo fontes ligadas ao processo, os trabalhos devem ser concluídos até o fim do mês. A travessia até o ponto da operação deve levar entre dez e 20 dias.
O projeto se tornou símbolo do impasse entre o setor energético e a ala ambiental do governo federal. Entidades ambientalistas criticam a abertura de novas fronteiras de exploração de petróleo, especialmente às vésperas da COP30, em Belém.
Já os defensores do projeto afirmam que a descoberta pode ser decisiva para a segurança energética do país e para o desenvolvimento econômico da Região Norte.
Amapá pode virar polo da Petrobras até o fim de 2029
A pressão por avanços na exploração partiu também do Congresso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), lidera articulações favoráveis ao projeto e tem defendido a liberação do poço como forma de geração de empregos e renda para o Estado.
Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o potencial da bacia pode alcançar 1,1 milhão de barris por dia até 2029 — o equivalente a cerca de um terço da produção brasileira atual.
Em nota, o IBP afirmou que a produção na região pode reforçar as reservas nacionais e garantir a segurança energética do país. A entidade também citou o impacto positivo no desenvolvimento socioeconômico da população do Amapá.
Apesar do entusiasmo, ambientalistas argumentam que a liberação do poço enfraquece o discurso do governo em defesa da transição energética.
Eles ressaltam, por exemplo, que o início da exploração contradiz a imagem de liderança ambiental que o Brasil tenta projetar no cenário internacional.
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Em meio ao embate, o governo federal deve licitar 47 novas áreas exploratórias na Bacia da Foz do Amazonas em junho.
Se o Ibama autorizar a perfuração, empresas devem iniciar uma corrida por novas concessões na região. Nos últimos leilões, a área ficou de fora por causa da incerteza regulatória e da resistência ambiental.
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