Uma nave espacial japonesa que tentava realizar o primeiro pouso lunar privado do país caiu na superfície da Lua nessa quinta-feira (5/6). A missão, chamada Hakuto-R 2, era conduzida pela empresa Ispace e pretendia pousar a sonda Resilience na região do Mare Frigoris, uma planície no lado visível do satélite natural.
A descida estava marcada para as 16h17 (horário de Brasília), mas a comunicação com a nave foi perdida um minuto e 45 segundos antes do pouso previsto. Dados preliminares indicam que um problema no telêmetro a laser impediu a desaceleração adequada da sonda, levando a um “pouso forçado”, ou seja, uma queda.
“Queríamos que a Missão 2 fosse um sucesso, mas infelizmente não conseguimos pousar. Temos que continuar nossa missão de permitir a exploração lunar pelos japoneses”, afirmou Takeshi Hakamada, fundador e CEO da Ispace, em entrevista coletiva.
Segundo fracasso da empresa japonesa
A falha lembra a primeira tentativa da Ispace, em abril de 2023, quando o módulo lunar também perdeu contato instantes antes do pouso. Na ocasião, a nave caiu após confundir a borda de uma cratera com o solo lunar.
Batizada de Resilience, a sonda de 2025 tinha 2,3 metros de altura, pesava cerca de uma tonelada e levava a bordo o pequeno robô explorador Tenacious, construído pela Agência Espacial Europeia. O pouso malsucedido impossibilitou a continuação da missão, que teria duração de duas semanas.
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O nome Hakuto-R faz referência a um coelho branco da mitologia japonesa, e o “R” indica “reinício”, simbolizando o recomeço da missão após o fracasso anterior.
A Ispace surgiu a partir do Google Lunar X Prize, uma competição que oferecia prêmios para pousos privados bem-sucedidos na Lua, encerrada sem vencedores em 2018.
Planos futuros
A Resilience foi lançada em janeiro deste ano a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX, junto com outro módulo lunar da empresa americana Firefly Aerospace. Enquanto o módulo americano Blue Ghost pousou com sucesso em março, a sonda japonesa seguiu uma trajetória mais longa e só chegou à órbita lunar em 6 de maio.
O plano era realizar um pouso suave a 100 quilômetros de altitude, por meio de uma série de manobras e queimas de propulsores. Tudo corria bem até a nave atingir os 192 metros de altitude, quando o problema técnico impediu o pouso.
“Primeiro, temos que descobrir a causa raiz do fenômeno que observamos e depois utilizá-la nas missões 3 e 4”, disse Hakamada.
Apesar da nova tentativa frustrada, a Ispace mantém planos ambiciosos e pretende lançar mais duas missões lunares em 2027, usando um novo módulo de pouso, o Apex 1.0, com o dobro do tamanho e capacidade da Resilience.
Para a empresa, fracassos fazem parte do aprendizado. “Sabemos que não será fácil”, afirmou Jumpei Nozaki, diretor financeiro da Ispace. “Mas tentar tem um significado e importância”, declarou.
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