Descomplicamos os suplementos da moda

A “onda fitness” veio mesmo para ficar. Na última década, o número de academias e centros de treinamento quase triplicou no Brasil, de acordo com dados do Panorama Setorial Fitness Brasil 2024 em parceria com a EY e a Armatore Market + Science. E, junto com esse movimento, cresce o interesse por uma alimentação equilibrada e, especialmente, por aqueles famosos potes gigantes de suplementos que vemos nas prateleiras de farmácias e lojas especializadas. 

Esses complementos são uma mão na roda na jornada fitness. E não são somente os atletas de alto rendimento que podem se beneficiar deles.

“Suplementos como whey protein, creatina, colágeno e multivitamínicos são indicados para pessoas com necessidades específicas, como atletas, idosos, pessoas com restrições alimentares ou condições de saúde que dificultem a absorção ou ingestão adequada de nutrientes”, explica a nutricionista Vanessa Furstenberger à AnaMaria

Por onde começar?

Apesar de parecerem inofensivos por serem vendidos sem restrições, quem usa suplementos alimentares não está isento de riscos. Doses erradas, interações com medicações e até intoxicações por excesso são possíveis. Por isso, nada de sair da academia balançando a coqueteleira com um shake proteico sem antes consultar um especialista, hein?

Toda suplementação deve ser acompanhada por um profissional. “Suplementar sem orientação é como tomar um remédio sem saber se precisa. E mais: sem saber os efeitos colaterais”, alerta Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Para que serve cada suplemento?

Whey Protein

Extraído do soro do leite, o whey é uma das fontes de proteína mais conhecidas no mundo fitness. Ele ajuda na recuperação muscular e no ganho de massa magra, por isso é muito consumido após o treino.

Os suplementos alimentares são aliados poderosos, mas será que são para todos? Especialistas explicam para que serve cada um deles – Crédito: Freepik

Segundo Vanessa, o whey também pode ser útil para idosos ou pessoas com dificuldade de consumir proteína suficiente na alimentação. Mas atenção: ele não substitui refeições e deve ser consumido com orientação profissional. Entre as marcas mais populares de whey protein no Brasil, o valor médio por quilo (trinta doses) sai aproximadamente R$ 105.

Creatina

Conhecida por melhorar o desempenho físico em exercícios de alta intensidade e curta duração, além de auxiliar na manutenção da massa muscular, o que pode ser benéfico, principalmente, em pessoas mais velhas.

Estudos também investigam possíveis efeitos da creatina na função cognitiva, especialmente em situações de estresse mental ou em populações vulneráveis, como os idosos. No entanto, ainda não há comprovação científica robusta sobre esses benefícios, e as pesquisas continuam em andamento. O preço médio por dose é de R$ 1,34.  

Colágeno

Queridinho entre quem busca melhorar a saúde da pele, unhas e cabelos, o colágeno também é apontado como um possível aliado na prevenção da perda de massa muscular e óssea, comum com o envelhecimento. Mas é importante entender que, ao ser ingerido, o colágeno é quebrado em partículas menores, como a proteína. Por isso, ele pode ser substituído por fontes alimentares como ovos ou carnes.

Segundo a nutricionista, a suplementação pode ser útil para quem não consegue atingir sua meta proteica diária, desde que haja adaptação e condições financeiras para isso. O custo médio do colágeno por dose (10g por dia) é de R$ 1,15.  

Multivitamínico

Muito populares, os multivitamínicos prometem fornecer uma dose extra de saúde. Mas será que todo mundo precisa? “Suplementar sem necessidade pode sobrecarregar o organismo e, em alguns casos, causar efeitos indesejados”, aponta Vanessa. A Tassiane complementa que algumas vitaminas, como a A e o ferro, podem ser tóxicas em excesso.

Os suplementos alimentares são aliados poderosos, mas será que são para todos? Especialistas explicam para que serve cada um deles – Crédito: Freepik

A suplementação pode ser necessária em fases específicas da vida, como adolescência, gravidez ou envelhecimento, ou em casos de restrições alimentares, dietas muito restritivas ou absorção comprometida. Mas a recomendação é clara: só usar com orientação e após avaliação clínica. 

Com base em produtos populares disponíveis no mercado brasileiro, os preços por dose diária (cápsula ou comprimido) podem variar de R$ 0,13 a R$ 2,00. 

“Uma dieta variada, rica em alimentos naturais, continua a ser a melhor forma de garantir saúde a longo prazo. Suplementar sem necessidade pode sobrecarregar o organismo e, em alguns casos, causar efeitos indesejados”, finaliza a nutricionista. 

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