Quem acompanhou as fotos do rover Perseverance em Marte deve ter notado a presença de um labirinto. O objeto, claro, não faz parte da paisagem natural do Planeta Vermelho, mas é importante para a permanência do veículo por lá.
A função principal do labirinto é calibrar a ferramenta Scanner de Ambientes Habitáveis com Raman e Luminescência para Compostos Orgânicos e Químicos do Perseverance, conhecida pela sigla SHERLOC. Esse é um dos dez instrumentos que acompanham o rover em sua missão solitária.
A sigla não é à toa: o SHERLOC tem como função procurar compostos orgânicos em Marte que possam indicar vida passada no Planeta Vermelho. Uma tarefa bastante complexa, que exige precisão (e calibração) constantes.
Ferramenta procura vida em Marte
Para localizar seus alvos, o SHERLOC fica no braço robótico de 2,1 metros do Perseverance. Dessa forma, ele pode analisar as rochas marcianas e verificar se há chances de o Planeta Vermelho ter abrigado vida microbiana no passado.
“Os alvos de calibração atendem a vários propósitos, incluindo principalmente refinar a calibração do comprimento de onda do SHERLOC, calibrar o espelho do scanner a laser e monitorar o foco e o estado de saúde do laser”, disse Kyle Uckert, pesquisador principal adjunto do SHERLOC no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, ao Space.com.
Qual a função do labirinto?
Ok, entendemos como o equipamento funciona, mas como o labirinto o calibra? “O SHERLOC tem como objetivo resolver quebra-cabeças, e que melhor quebra-cabeça do que um labirinto?”, diz Uckert.
Basicamente, a função do labirinto é calibrar o posicionamento do espelho do scanner a laser e caracterizar o foco do laser, o que exige um alvo com respostas espectrais nitidamente contrastantes. Até o desenho de Sherlock Holmes no centro do labirinto tem uma função específica.
Detalhe do Sherlock Homes (Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech)
“Os mapas espectrais do SHERLOC conseguem identificar as linhas cromadas de 200 micrômetros de espessura e a silhueta de Sherlock Holmes de 50 micrômetros de espessura no centro do labirinto”, observa Uckert.
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Já a parte inferior do labirinto é composta por materiais usados em trajes espaciais, como Teflon, Gore-Tex e Kevlar.
Aliás, as referências a Sherlock Holmes não param por aí. Uma das ferramentas do SHERLOC, que o auxilia a capturar fotos de seus alvos, chama-se Sensor Topográfico Grande Angular para Operações e Engenharia – cuja sigla em inglês é, adivinhe só: WATSON.
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