Um novo estudo, publicado na revista Science Advances, mostra como nuvens finas se formam após grandes erupções vulcânicas. Usando satélites, os cientistas observaram que as cinzas lançadas pelos vulcões chegam a grandes altitudes e ajudam a formar nuvens cirrus, que são compostas por cristais de gelo. Essas nuvens influenciam o clima do planeta, podendo esfriar ou aquecer a atmosfera.
Quando um vulcão entra em erupção, ele libera diversos gases e partículas. Entre eles estão o dióxido de carbono, o dióxido de enxofre e uma grande quantidade de cinzas. Essas cinzas sobem até a camada mais alta da atmosfera e se misturam ao ar. Lá, elas funcionam como pequenas “sementes” para a formação de cristais de gelo.
Pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), nos EUA, analisaram dados coletados ao longo de 10 anos pelos satélites CloudSat e CALIPSO, da NASA. Esses satélites estudam o interior das nuvens e a presença de aerossóis na atmosfera. O objetivo da pesquisa era entender como os aerossóis liberados pelos vulcões afetam as nuvens e o clima global.
Nuvens cirrus se formam como fios delicados e finos em grandes altitudes. Crédito: Vibe Images – Shutterstock
A equipe observou mudanças nas nuvens cirrus depois de três grandes erupções. Em locais com muita cinza na atmosfera, essas nuvens finas ficaram mais frequentes. No entanto, elas apresentaram uma característica incomum: tinham menos cristais de gelo do que o normal, mas esses cristais eram maiores.
Leia mais:
Vulcão inativo pode “mudar” a história do Brasil: entenda como isso pode acontecer
Em regiões com vulcões ativos, a lava não é a maior ameaça à vida humana
Descoberta desafia o que sabemos sobre os vulcões
Água acumula nas cinzas vulcânicas antes de se tornar gelo
Isso contrariou a hipótese inicial dos cientistas. Eles acreditavam que os aerossóis vulcânicos fariam com que mais cristais se formassem. No entanto, o que viram foi o oposto. A água se acumulava nas partículas de cinza antes de congelar, o que levava à formação de poucos, mas grandes, cristais de gelo.
Esquema ilustrando como as partículas de cinzas vulcânicas afetam as nuvens cirrus. Crédito: Lin Lin/LLNL
O processo, chamado de “nucleação de gelo”, acontece quando uma partícula serve como base para que o gelo se forme. “Abandonar nossa ideia inicial e desenvolver uma nova explicação com base em descobertas inesperadas foi a parte mais difícil e gratificante do processo”, disse o principal autor do estudo, Lin Lin, cientista atmosférico do LLNL, em um comunicado.
Agora, a equipe estuda as nuvens do Ártico e aguarda uma nova erupção para testar os resultados em futuras observações.
Vulcão de Fogo em erupção à noite a partir da vista do vulcão Acatenango, na Guatemala. Crédito: Brester Irina – Shutterstock
Vulcões extintos podem esconder depósitos de terras raras
As chamadas terras raras são locais onde é possível encontrar 16 metais considerados essenciais para a produção de carros elétricos a painéis solares, passando pelos celulares. É por isso que a demanda por esses materiais aumentou tanto nos últimos anos, impulsionando até mesmo disputas geopolíticas.
Pesquisadores descobriram algo que pode mudar esta corrida econômica e tecnológica. Vulcões considerados extintos podem abrigar depósitos de terras raras, criando novas possibilidades para a extração desses metais. Saiba mais aqui.
O post Mistério desvendado: como os vulcões criam gelo no céu apareceu primeiro em Olhar Digital.