Jovem passa por raro transplante duplo de mãos 17 anos após amputação

O estudante croata Luka Krizanac, de 29 anos, está aprendendo agora a digitar em seu celular. A atividade trivial para alguém de sua idade é uma conquista marcante para ele, já que até o início deste ano, quando passou por um transplante, ele vivia sem mãos.

Aos 12 anos, Luka sofreu uma infecção respiratória grave que evoluiu para sepse. As complicações forçaram a amputação parcial das duas mãos e dois pés, que necrosaram no processo de combate à infecção.

Leia também

Saúde

Indiano recupera as 2 mãos após fazer transplante de alta complexidade

Brasil

Brasil ultrapassa marca de 30 mil transplantes em 2024, diz ministério

Saúde

“Vou recuperar minha vida”, diz mulher que recebeu transplante de rim

Saúde

Transplante de ilhotas controla diabetes tipo 1 em animais, diz estudo

Neste ano, porém, 17 anos depois da amputação, ele conseguiu passar por um transplante duplo de mãos na Penn Medicine, nos Estados Unidos, e tem aos poucos recuperado parte dos movimentos.

O procedimento é raro — foram feitos menos de 200 transplantes desse no mundo pelas dificuldades de manter as mãos transplantadas funcionais e sem risco de infecções.

Uma cirurgia de longa preparação

No caso de Luka, a operação durou cerca de 12 horas e envolveu mais de 20 profissionais. A equipe médica ensaiou o processo por meses antes da execução. A complexidade inclui unir nervos, vasos, músculos e ossos com precisão.

Em entrevista à CNN Internacional, o jovem comemorou a realização do procedimento. “Sinto um profundo sentimento de ser inteiro novamente, como humano”, afirmou.

Uma vida de limitações

Luka também vive sem os pés mas, para ele, essa adaptação é mais fácil do que a ausência de pernas, já que as próteses robóticas não têm coordenação tão eficiente como a de mãos humanas.

Com o tempo, a falta de independência pesou. O apoio da família e de amigos foi essencial durante a adolescência, mas a vontade de viver com autonomia cresceu.

O transplante, que vinha sendo pensado desde 2018, precisou ser adiado por conta da pandemia de Covid-19. Lesões nas pernas de Luka também impediram a continuidade do processo, devido ao risco de infecções.

2 imagensFechar modal.1 de 2

Luka e a mãe durante a última viagem antes da cirurgia de transplante das mãos

Reprodução/Facebook/svjetlana.krizanac.92 de 2

Luka perdeu as mãos e os pés por culpa de uma infecção que teve aos 12 anos

Reprodução/Facebook/svjetlana.krizanac.9

O transplante de mãos

Em janeiro deste ano, ele recebeu a informação de que havia uma mão compatível em tom de pele, tipo sanguíneo e tamanho e gênero. Com isso, era possível fazer o transplante.

Apesar da circulação ter se estabelecido imediatamente, os nervos levaram um tempo para funcionar e, graças a um intenso programa de fisioterapia, o jovem está recuperando parcialmente seus movimentos.

Luka toma medicamentos para evitar rejeição e auxiliar a regeneração nervosa. “Quero tirar carteira de motorista, cuidar da minha própria vida. Agora, tenho duas mãos saudáveis. É apenas uma questão de tempo”, concluiu ele.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!