Método brasileiro pode permitir detecção precoce do Alzheimer

Em todo o mundo, estima-se que mais de 55 milhões de pessoas vivam com alguma forma de demência, sendo o Alzheimer a mais comum. O problema é que diagnosticar esta condição em seu estágio inicial é um grande desafio.

Mas um trabalho realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) pode mudar este cenário. Eles estão desenvolvendo um painel de biomarcadores para a detecção precoce e para a diferenciação da doença de outros tipos de demência, por meio de testes de sangue.

Testes de sangue podem detectar Alzheimer de forma precoce (Imagem: luchschenF/Shutterstock)

Proteína ADAM10 pode ser a chave

De acordo com a Agência FAPESP, o trabalho tem como base a análise do genótipo de 500 voluntários com e sem a condição.

Os pesquisadores identificaram que uma alteração genética rara e relacionada à doença também está associada a níveis elevados da proteína ADAM10.

Ela é conhecida pelo papel de quebrar a proteína precursora da beta-amiloide, impedindo assim a formação de placas no cérebro, um dos marcos do Alzheimer.

As alterações no alelo E4 do gene APOE, no entanto, podem resultar no aumento das moléculas no sangue.

No total, 85 indivíduos com comprometimento cognitivo e a condição genética apresentaram níveis elevados da proteína ADAM10 no sangue durante os testes.

As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Neurobiology of Aging.

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Diferenciar o Alzheimer de outras demências ainda é um desafio (Imagem: Lightspring/Shutterstock)

Novos testes podem detectar Alzheimer

Durante a pesquisa, a equipe de cientistas buscou desenvolver testes sanguíneos de prognóstico com base na ADAM10. A ideia é que eles fossem capazes de identificar, entre os indivíduos com comprometimento cognitivo leve, quais têm maior risco de desenvolver Alzheimer.

Nossos estudos indicam que não apenas no caso dessa condição rara, mas também nas outras causas de doença de Alzheimer, a ADAM10 atua numa via anterior ao processo de formação das placas beta-amiloide. Com isso, é possível, se tudo correr como a nossa hipótese prevê, que ela seja um marcador prognóstico, indicando, antes da formação desses marcos patológicos, se a pessoa tem chance ou não de desenvolver a doença.

Márcia Regina Cominetti, pesquisadora da UFSCar e uma das coordenadoras do projeto

Alzheimer é o tipo de demência mais comum no mundo (Imagem: LightField Studios/Shutterstock)

Atualmente, é possível detectar placas beta-amiloide no cérebro, assim como a proteína TAU hiperfosforilada (outro marco da doença) com alta precisão. No entanto, diferenciar uma demência da outra ainda é um grande desafio.

Um obstáculo que poderia ser superado a partir de uma combinação de biomarcadores. Com este objetivo, os pesquisadores desenvolveram um sensor que se baseia nos níveis de ADAM10 do sangue para diferenciar idosos saudáveis ou com Alzheimer. O teste ainda está sendo validado em estudos com os 500 voluntários.

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