E se nossas memórias pudessem ser recuperadas após nossa morte?

Imagine descobrir o sentido da vida no leito de morte, tarde demais para registrá-lo. E se fosse possível preservar seu cérebro — e suas memórias — para reviver um dia? Pode soar como ficção científica, mas não está tão longe da realidade.

Um estudo liderado pelo Dr. Ariel Zeleznikow-Johnston entrevistou 312 neurocientistas e revelou que 70,5% acreditam que memórias de longo prazo são armazenadas como estruturas físicas estáveis no cérebro, e não como processos transitórios.

Preservação do cérebro poderia permitir ressuscitar memórias (Imagem: Pavlova Yuliia/Shutterstock)

Cérebro armazenado e reativado anos depois: é possível?

O armazenamento estaria relacionado ao conectoma — o conjunto único de conexões entre os neurônios de cada pessoa, responsável por codificar lembranças, personalidade e traços individuais.

Se essas estruturas forem preservadas com técnicas como a criopreservação estabilizada por aldeído (que evita danos causados por cristais de gelo), há, segundo os especialistas, 40% de chance de que memórias possam ser recuperadas no futuro.

O mesmo percentual foi atribuído à possibilidade de emular um cérebro inteiro a partir desse tecido preservado, o que poderia permitir não só a restauração de memórias, mas da consciência — levantando, inclusive, hipóteses sobre “vida após a morte” digital.

Estudo revela que neurocientistas levam a sério a ideia de preservar e decodificar memórias humanas a partir de cérebros armazenados (Imagem: Alexander Supertramp/Shutterstock)

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Corrida científica para desvendar o cérebro

Embora os percentuais não sejam conclusivos, eles representam um avanço importante. Um prêmio de US$ 100 mil foi anunciado para quem decodificar a primeira memória não trivial de um cérebro preservado, impulsionando uma corrida científica com implicações profundas para o futuro da mente humana.

O estudo foi publicado na revista PLOS One.

Estrutura cerebral guarda traços únicos da mente e da personalidade, algo que poderia ser a chave para viver além da morte biológica – Imagem: mi_viri/Shutterstock

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