Empresa lança sistema para sites cobrarem de IAs por acesso

A Cloudflare anunciou um novo recurso voltado a donos de sites que querem manter o controle sobre como seus conteúdos são utilizados por ferramentas de inteligência artificial (IA). Chamado “Pay per crawl”, o sistema permite que proprietários de domínios cobrem pelo acesso de rastreadores automatizados, como os utilizados para treinar modelos de IA generativa.

A proposta surge em um momento em que muitos criadores e empresas se sentem forçados a escolher entre liberar totalmente o acesso aos seus dados ou restringi-lo de forma rígida. Com a nova solução, a Cloudflare busca oferecer uma terceira alternativa, na qual o conteúdo continua acessível a robôs de IA, mas mediante pagamento por solicitação.

Pay per Crawl é nova solução da Cloudflare que funciona como um marketplace para IAs adquirirem acesso a sites para treinamento de modelos (Imagem: Cloudflare)

O nome da ferramenta, “Pay per crawl”, pode ser traduzido como “pague por rastreamento”. A palavra crawl, em inglês, é usada na área de tecnologia para descrever o processo em que robôs automatizados — chamados de crawlers — percorrem páginas da web para coletar informações, como fazem buscadores e ferramentas de inteligência artificial. Ou seja, “Pay per crawl” significa que, em vez de permitir o acesso gratuito a esses robôs, o site pode cobrar por cada visita automatizada feita ao seu conteúdo.

Pagamento por acesso: como funciona o “Pay per crawl”

O “Pay per crawl” se integra à infraestrutura já existente da web, utilizando códigos HTTP tradicionais para mediar o processo de cobrança.

Quando um robô de IA tenta acessar um site protegido pelo recurso, ele precisa incluir um cabeçalho de requisição que demonstre intenção de pagamento.

Caso isso não ocorra, o site retorna um código HTTP 402 – Payment Required, indicando que aquele conteúdo não está disponível gratuitamente.

A Cloudflare atua como intermediária financeira nesse processo, registrando os eventos de cobrança e repassando os valores aos criadores.

A monetização pode ser configurada com um valor fixo por requisição, válido para todo o domínio.

Além disso, os administradores podem definir permissões específicas para cada rastreador: liberar, bloquear ou cobrar.

Criadores de conteúdo em sites podem definir se permitem acesso a conteúdo por IAs, cobram ou simplesmente bloqueiam (Imagem: Cloudflare)

Controle total nas mãos dos donos de conteúdo

Um dos pontos centrais do sistema é o controle detalhado que ele oferece. Mesmo que um robô de IA ainda não tenha uma relação de pagamento com a Cloudflare, o proprietário do site pode optar por marcar aquele acesso como “cobrável”. Isso serve como um indicativo de que, futuramente, o acesso poderá ser negociado, ao invés de simplesmente bloquear por completo.

A Cloudflare também implementou um conjunto de mecanismos de autenticação para garantir que os rastreadores não sejam falsificados por terceiros. Os robôs precisam se registrar, gerar chaves criptográficas públicas e assinar digitalmente suas requisições para que o acesso seja considerado válido e a cobrança seja efetuada.

Caminhos possíveis para o acesso

O acesso pode acontecer de duas formas: por tentativa reativa, em que o robô tenta acessar e recebe o aviso de cobrança, ou por declaração antecipada de preço, em que o robô já informa quanto está disposto a pagar e aguarda a validação da requisição.

Quando há concordância entre o valor oferecido pelo robô e o preço configurado pelo dono do site, o conteúdo é entregue normalmente e o evento é registrado como pago. Se houver divergência, o site retorna o código HTTP 402 com o valor exigido, e cabe ao robô decidir se continua com a solicitação.

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Beta fechado e perspectivas futuras

O recurso está disponível inicialmente em beta privado, e a Cloudflare convida tanto criadores de conteúdo quanto operadores de robôs a se inscreverem para testes. A empresa vê o “Pay per crawl” como o início de uma transformação mais ampla na forma como conteúdos digitais são valorizados e acessados na internet.

Cloudflare quer criar nova forma de monetização para sites com o Pay per crawl (Imagem: Sundry Photography / Shutterstock.com)

Segundo a companhia, o modelo pode evoluir para incluir precificação dinâmica, licenças mais granulares e até negociações automatizadas feitas por agentes inteligentes. Ao basear-se no já existente código HTTP 402, a Cloudflare aposta em um padrão que poderá ser ampliado conforme novas formas de consumo e remuneração digital se consolidem.

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