O câncer normalmente é associado a pacientes com idades mais avançadas. No entanto, esta realidade parece estar se modificando nos últimos anos, com o número de casos da doença entre os mais jovens aumentando perigosamente.
Em apenas três décadas, houve um crescimento de 79% na quantidade de novos diagnósticos em pessoas com menos de 50 anos. Entre as maiores altas estão tumores de mama, intestino e próstata, por exemplo.
Câncer pode ser mais agressivo entre os jovens
Em artigo publicado no portal The Conversation, Antônio Carlos Buzaid e Jéssica Ribeiro Gomes, do Instituto Vencer o Câncer, destacam que o cenário é preocupante. Isso porque, em pessoas mais novas, o câncer tende a se manifestar de forma mais agressiva e ser descoberto em estágios mais avançados.
Mulheres jovens têm maiores possibilidades de apresentar subtipos mais graves de câncer de mama, com maior risco de recorrência e disseminação para outros órgãos, como é o caso do triplo-negativo. Este é um dos subtipos mais desafiadores, sendo bem menos comum em mulheres mais velhas, nas quais o tumor luminal costuma prevalecer.
Antônio Carlos Buzaid e Jéssica Ribeiro Gomes, do Instituto Vencer o Câncer
De acordo com os especialistas, muitas jovens estão fora da idade recomendada para os exames de rotina, como a mamografia, e costumam subestimar os sintomas iniciais, pela baixa conscientização sobre o risco de câncer nessa idade. Sem contar que a maior densidade das mamas em mulheres mais novas pode dificultar a precisão dos exames.
Além desses aspectos, não podemos ignorar que os jovens com câncer enfrentam desafios físicos e emocionais únicos devido à doença e ao tratamento, com impactos significativos na qualidade de vida como um todo. A queda de cabelo, as alterações de peso, cirurgias e eventuais cicatrizes podem ter um efeito profundo na autoimagem, nos relacionamentos, na saúde mental e também na sexualidade. Somado a isso, alguns tratamentos podem causar alterações nos níveis hormonais e até mesmo menopausa precoce e infertilidade permanente, com todas as consequências físicas e emocionais para uma população em plena idade fértil.
Antônio Carlos Buzaid e Jéssica Ribeiro Gomes, do Instituto Vencer o Câncer
Por conta disso, programas de conscientização são fundamentais, assim como a revisão das estratégias de prevenção. Um exemplo disso é a colonoscopia para câncer de intestino, agora indicada mais precocemente, a partir dos 45 anos (e não mais 50 anos). Ao mesmo tempo, iniciativas promissoras, como o uso de inteligência artificial para análise de mamografias, também buscam melhorar a detecção de tumores, especialmente em mamas mais densas.
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Os especialistas explicam que mais de 80% dos tumores não têm origem hereditária.
E que ao menos 30% de todos os casos de câncer poderiam ser evitados com alterações em alguns hábitos.
As recomendações incluem ter uma alimentação equilibrada, evitando o consumo excessivo de açúcar, farinha refinada (pão, arroz branco), ultraprocessados e carne vermelha.
Esse tipo de dieta cria uma inflamação crônica no organismo, criando um ambiente propício para o surgimento e a sobrevivência de células tumorais.
Outros fatores de risco são o tabagismo, o consumo de álcool, a obesidade e o sedentarismo.
Neste sentido, a prática regular de atividade física possui um efeito protetor, podendo diminuir em 10% a 40% o risco de câncer.
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