OpenAI chama Meta de “mercenária” e dá férias a funcionários

A OpenAI decidiu suspender temporariamente parte de suas operações. A pausa, segundo fontes internas, tem o objetivo de permitir que os funcionários recarreguem as energias diante de uma rotina intensa de trabalho e de uma nova frente de pressão externa: a disputa acirrada com a Meta pela contratação de especialistas em inteligência artificial (IA).

A disputa por profissionais de elite em IA chegou a um novo patamar com os recentes movimentos da Meta. Quatro pesquisadores seniores deixaram a empresa de Sam Altman para integrar o novo laboratório de superinteligência da Meta, e a resposta da OpenAI não demorou a vir — tanto em tom emocional quanto estratégico.

Sam Altman, CEO da OpenAI, reagiu à saída de funcionários para a Meta (Imagem: QubixStudio / Shutterstock.com)

Em comunicados internos obtidos pela WIRED, executivos da OpenAI, como o diretor de pesquisa Mark Chen e o próprio CEO Sam Altman, expressaram frustração com a abordagem agressiva da Meta, que estaria oferecendo bônus de entrada na casa dos US$ 100 milhões para atrair nomes de peso. Altman chegou a classificar os esforços da Meta como “mercenários”, enquanto reforçou que os profissionais da OpenAI são “missionários” com uma visão de longo prazo para a construção da inteligência artificial geral (AGI).

Clima interno de tensão e reavaliação de salários

Em mensagem enviada aos funcionários via Slack, Chen afirmou sentir que a Meta “entrou na casa da OpenAI e roubou algo”. O executivo garantiu que ele, Altman e outros líderes estão trabalhando “dia e noite” para conversar com colaboradores que receberam propostas da Meta, ao mesmo tempo em que reavaliam compensações e formas criativas de retenção de talentos.

Apesar da mobilização para manter a equipe unida, Chen destacou que a empresa não pretende fazer concessões que afetem a equidade interna. “Lutarei para manter cada um de vocês, mas não à custa da justiça com os demais”, escreveu. Outros líderes da área de pesquisa reforçaram a mensagem, pedindo que colegas que se sentirem pressionados pelas ofertas da Meta entrem em contato antes de tomar decisões.

A mensagem veio em um momento de alta carga de trabalho na OpenAI, com relatos de funcionários trabalhando até 80 horas por semana. Em meio a esse cenário, a empresa anunciou uma pausa nas operações para a maior parte dos times, com o objetivo de permitir que os colaboradores recuperem energia e aliviem o ritmo intenso. Apesar da pausa, os executivos da OpenAI continuarão trabalhando durante o período.

Meta amplia ofensiva com novos nomes e promessa de superinteligência

Do outro lado da disputa, a Meta apresentou oficialmente sua equipe de superinteligência, liderada por Alexandr Wang, ex-Scale AI, e Nat Friedman, ex-CEO do GitHub. Entre os nomes recrutados estão quatro ex-colaboradores da OpenAI: Shengjia Zhao, Shuchao Bi, Jiahui Yu e Hongyu Ren. Segundo relatos internos, a Meta tem ampliado esforços de recrutamento não apenas na OpenAI, mas também mirando profissionais do Google.

Meta apresentou sua equipe de superinteligência e segue recrutando profissionais de empresas rivais (Imagem: Algi Febri Sugita / Shutterstock.com)

A estratégia agressiva estaria relacionada a uma aposta da Meta em acelerar avanços em IA, mesmo que isso signifique “ir fundo na lista” de candidatos, conforme descreveu Altman. Para ele, o resultado pode ser a criação de “problemas culturais profundos” no futuro da empresa liderada por Mark Zuckerberg.

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Cultura versus remuneração: o apelo da OpenAI aos seus funcionários

Altman procurou reforçar os laços internos da OpenAI com um discurso centrado na missão da empresa. “Temos a equipe e a cultura mais especiais do mundo”, escreveu. Ele destacou que, mesmo após um período de crescimento intenso, a OpenAI mantém sua essência: “Sim, somos esquisitos, mas é isso que torna este lugar um berço mágico de inovação”.

O CEO também defendeu que os ganhos financeiros serão uma consequência do sucesso real da empresa. “Acredito que há muito mais potencial nas ações da OpenAI do que nas da Meta”, afirmou, garantindo que mudanças nas estruturas de remuneração serão anunciadas em breve, mas de forma equilibrada, “não apenas para quem foi alvo da Meta”.

A OpenAI aposta na própria cultura para manter seus funcionários motivados, impedindo a saída para rivais (Imagem: Vitor Miranda / Shutterstock.com)

Por fim, Altman reforçou o compromisso da OpenAI com a criação de AGI de forma responsável e consistente. “Outras empresas veem isso como um meio para outro fim. Para nós, é o objetivo principal. Depois que a Meta mudar de foco novamente, continuaremos aqui, dia após dia, fazendo o nosso trabalho melhor do que qualquer outro.”

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