Telescópio detecta pela 1ª vez estrela que morreu duas vezes no espaço

Pela primeira vez, astrônomos conseguiram registrar os destroços de uma estrela que passou por duas explorações antes de ser completamente destruída no espaço. A imagem foi capturada pelo Very Large Telescope (VLT) – equipamento instalado no Chile e operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).

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Todas as observações foram registradas nesta quarta-feira (2/7) na revista científica Nature Astronomy. A estrela vista pelos pesquisadores é uma anã branca, um tipo de astro com núcleo denso e colapsado com características parecidas ao Sol.

O achado confirmou uma teoria antiga chamada dupla detonação, que era conhecida há décadas em anãs brancas. Astrônomos suspeitavam que algumas dessas estrelas pudessem explodir em duas etapas distintas, mas nunca houve uma prova visual direta.

“As explosões de anãs brancas desempenham um papel crucial na astronomia. No entanto, apesar de sua importância, o antigo enigma do mecanismo exato que desencadeia sua explosão permanece sem solução”, afirma o autor principal do estudo, Priyam Das, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, em comunicado.

Comprovação da dupla explosão

Para achar impressões digitais que comprovassem o fenômeno, os pesquisadores estudaram restos da supernova SNR 0509-67.5, uma explosão que aconteceu há centenas de anos na galáxia satélite Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 160 mil-luz da Terra. Anãs brancas que explodem são classificadas como supernovas tipo Ia.

A comprovação veio com a identificação de duas camadas diferentes de cálcio nos destroços da supernova. Uma era mais externa, resultado da primeira explosão e outra era interna, ligada à segunda detonação.

As camadas serviram como uma impressão digital química, comprovando que as explosões aconteceram de forma separada e consecutiva.

Imagem mostra o cálcio (em azul) encontrado em volta da explosão da supernova, o que comprovou as explosões

Como foram as explosões

De acordo com os cientistas, a dupla explosão começou a partir de uma anã branca que orbitava uma estrela companheira bem próxima. Aos poucos, ela atraía gás da vizinha, acumulando uma camada externa de hidrogênio e hélio sobre si.

Quando a faixa da anã branca atingiu uma massa crítica, entrou em colapso e explodiu, originando a primeira detonação. A explosão inicial gerou uma onda de choque que penetrou o interior da anã branca, aquecendo o núcleo e provocando a segunda detonação, ainda mais intensa e que finalmente destruiu a estrela por completo.

A nova descoberta não resolve apenas uma questão antiga da astrofísica, mas também abre novos caminhos para entender melhor as particularidades das estruturas presentes no universo.

“Essa evidência tangível de uma dupla detonação não só contribui para a solução de um mistério de longa data, como também oferece um espetáculo visual “, destaca Das.

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