A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (EUA) aprovou nesta quinta-feira, 3, por 218 votos a 214, o maior pacote orçamentário do novo mandato de Donald Trump.
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Apelidado de One Big Beautiful Bill, o texto aumenta os cortes de impostos, eleva os gastos com defesa e imigração e impõe cortes severos em programas sociais e ambientais. Também aumenta em até US$ 5 trilhões o teto da dívida pública norte-americana.
A sanção presidencial está prevista para sexta-feira, 4 de julho, feriado da Independência dos EUA. Segundo assessores, Trump planeja assinar o texto em cerimônia pública em Washington.
O plano agrada à base republicana, mas preocupa analistas fiscais e investidores. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), a medida deve acrescentar entre US$ 3,3 e 3,4 trilhões à dívida federal nos próximos dez anos.
Entre os pontos centrais estão a extensão dos cortes de impostos sobre renda, isenções para gorjetas e horas extras, benefícios ampliados para famílias com filhos e novas reduções para empresas. Em contrapartida, há cortes no Medicaid, no programa de alimentação SNAP e na política de subsídios à energia limpa.
O pacote também aumenta os recursos para o Pentágono, o muro na fronteira com o México, centros de detenção e operações de deportação. O custo adicional dessas áreas ultrapassa US$ 150 bilhões.
A equipe econômica do governo Trump defende que o plano vai estimular o crescimento e atrair investimentos. Mas entidades independentes, como o Committee for a Responsible Federal Budget, declaram que os cortes de impostos sem compensações ampliam o déficit estrutural.
A reação dos mercados foi imediata: os juros dos títulos públicos subiram, e o Tesouro já prepara uma emissão recorde de papéis de curto prazo.
Trump celebrou a aprovação como “um presente à América produtiva” e afirmou que “os democratas queriam frear o crescimento com impostos e regulações”. Oposição e analistas progressistas acusam o plano de favorecer os mais ricos e fragilizar a rede de proteção social.
A dívida dos EUA já passa de US$ 34 trilhões. Com o novo pacote, deve crescer ainda mais e mais rápido.
Riscos do pacote de Trump
Em entrevista ao Fox Business em junho, o CEO da J.P. Morgan, Jamie Dimon, afirmou que o crescente endividamento dos EUA representa um “grande problema” que pode levar a dificuldades no mercado de títulos.
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Ele alertou que, se os investidores começarem a duvidar da segurança da dívida norte-americana, isso poderia causar uma “dificuldade” no mercado de crédito, o que afetará empréstimos a pequenas empresas, dívidas de alto risco e até mesmo empréstimos imobiliários.
Uma possível resposta do Tesouro, ao preparar uma emissão recorde de papéis, mostra a urgência em captar recursos para bancar os novos gastos e cobrir o déficit ampliado pelo pacote.
Essa injeção maciça de títulos no mercado poderia gerar um círculo vicioso: excesso de oferta, mais alta nos juros e aumento do custo da dívida. Se persistir, o cenário pressiona o orçamento e limita a margem de manobra para políticas futuras.
A alta nos juros dos títulos públicos, especialmente os de curto prazo, indica que o mercado está exigindo uma compensação maior para financiar a dívida norte-americana. Isso ocorre quando investidores percebem aumento no risco fiscal, temem inflação futura ou anteveem maior volume de emissão de títulos.
Este temor pressiona os preços para baixo e, consequentemente, eleva os rendimentos. Em resumo: fica mais caro para o governo se financiar. O sinal é de desconfiança com a sustentabilidade das contas públicas.
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