Uma análise de 103 estudos científicos revelou que o uso comum e adequado de embalagens e utensílios plásticos em contato com alimentos é suficiente para contaminá-los com micro e nanoplásticos (MNPs).
A pesquisa, liderada pela bióloga Lisa Zimmermann do Fórum de Embalagens de Alimentos da Suíça, identificou que 96% dos testes com embalagens alimentares detectaram a presença dessas partículas invisíveis.
Ocasiões em que microplásticos contaminam a comida
A fonte da contaminação é ampla: abrir garrafas plásticas, usar tábuas de corte, aquecer alimentos em recipientes plásticos para micro-ondas ou até consumir líquidos de copos descartáveis e garrafas de vidro com tampas plásticas pode liberar partículas de polímeros.
O problema se intensifica com utensílios reutilizáveis — como tigelas de melamina — que liberam mais microplásticos a cada lavagem, especialmente sob calor e abrasão.
O estudo também mostrou que alimentos ultraprocessados contêm mais microplásticos do que alimentos minimamente processados, devido à exposição mais intensa a equipamentos plásticos durante o processamento industrial.
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Micro e nanoplásticos vêm se tornando cada vez mais presentes em nosso ambiente — e em nossos corpos. Já foram encontrados em placentas humanas, órgãos internos e até em fetos de camundongos.
Ainda que os efeitos à saúde não sejam totalmente compreendidos, pesquisas preliminares sugerem riscos preocupantes: um estudo recente ligou concentrações elevadas de microplásticos em artérias a maior mortalidade entre pacientes cardíacos e com AVC.
Os autores defendem mais pesquisas para entender os impactos na saúde humana, mas já recomendam medidas preventivas, como reduzir o uso de plásticos no preparo, armazenamento e embalagem de alimentos.
O levantamento também gerou um banco de dados acessível ao público, onde é possível consultar os diferentes tipos de plásticos e artigos testados. O estudo foi publicado na revista científica npj Science of Food.
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