Tarifas de Trump reduziram exportações de produtos do Brasil aos EUA

O período de 90 dias de pausa provisória das tarifas recíprocas impostas pelos Estados Unidos (EUA) termina na próxima terça-feira 8. Com o impasse nas negociações bilaterais, cresce o risco de que mais de 180 países, entre eles o Brasil, voltem a enfrentar a alta de taxas sobre produtos destinados ao mercado norte-americano, conforme informa o portal g1.

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O Brasil tenta evitar esse cenário, mas as conversas com os EUA ainda não resultaram em avanços concretos. Desde março, o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mantêm encontros com autoridades norte-americanas. Segundo o MDIC, as tratativas continuam de formas presencial e virtual.

Enquanto as negociações seguem, os impactos da política tarifária já são percebidos. Um levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) revela que cinco dos 10 produtos brasileiros mais exportados aos EUA apresentaram queda nas vendas em maio.

A lista é composta pelos seguintes produtos: óleos brutos de petróleo, semi-acabados de ferro ou aço, café não torrado, aeronaves, ferro-gusa, sucos de frutas, carne bovina, celulose, óleos combustíveis de petróleo e equipamentos de engenharia.

O governo brasileiro afirma que segue empenhado na defesa dos interesses dos exportadores nacionais, tanto diante das tarifas comerciais quanto frente a medidas justificadas como ações de segurança nacional.

Em junho, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, revelou a criação de um grupo de trabalho com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e integrantes do USTR. Para ele, a principal forma de reduzir os efeitos das medidas seria aprofundar o diálogo. Até o momento, no entanto, não houve progresso.

Não foram, porém, apenas as tarifas as causas da diminuição das vendas em alguns setores. No caso da celulose, por exemplo, o Brasil perdeu espaço para o Canadá, favorecido pelo acordo de livre comércio entre EUA, Canadá e México (USMCA), que facilita o acesso aos mercados americanos.

Os óleos brutos de petróleo também registraram retração, refletindo uma menor demanda por parte das refinarias nos Estados Unidos, algo que também não tem relação com a alta das tarifas.

Há, porém, um dado positivo. Apesar dessas baixas pontuais, o volume total exportado cresceu. Em maio, o Brasil vendeu US$ 3,6 bilhões em produtos aos americanos, alta de 11,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo o levantamento da Amcham. O valor é recorde para o período e demonstra uma pauta de exportação mais variada.

Tarifas de Trump para exportação de aço e alumínio

Mesmo assim, os setores de aço e alumínio continuam pressionados. As tarifas sobre esses itens foram dobradas por decreto de Trump. Passaram de 25% para 50%. O Brasil, que está entre os principais fornecedores de aço para os EUA, busca negociar cotas especiais ou algum tipo de isenção para preservar sua competitividade.

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Ao g1, o MDIC declarou que as autoridades brasileiras seguem negociando, mas preferiu manter a discrição.

“Neste momento, enquanto as negociações seguem em curso, não é possível divulgar detalhes sobre o conteúdo das discussões, sob pena de impactar o andamento e a efetividade do processo negociador.”

O ministério destacou a sólida relação comercial entre os dois países.

“A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é sólida, histórica e de relevância estratégica para ambos os países”, relatou o órgão. “Os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil, e o intercâmbio entre as duas economias é complementar, trazendo benefícios mútuos.”

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