Empresa quer “desextinção” de ave de 3 metros desaparecida há 580 anos

Após a polêmica da suposta desextinção do lobo-terrível, a empresa de bioengenharia Colossal anunciou que está com planos de “trazer de volta” uma nova espécie, o moa, um avestruz gigante característico da Nova Zelândia e que desapareceu por volta do ano 1445, antes mesmo de Colombo chegar à América.

Quando existia, a ave era uma das maiores da história: pode ter alcançado mais de três metros de altura. Era incapaz de voar, mas dominava florestas e planícies da ilha da Oceania até a chegada dos humanos, por volta do ano 1300. Quando chegaram à ilha, os colonizadores implementaram uma forte caça aos animais, até então sem predadores, e os moa acabaram perecendo em poucos anos.

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O desaparecimento dos moas ocorreu entre os séculos 14 e 15, com o último fóssil em um assentamento humano sendo datado por volta de 1445. Agora, a Colossal se une ao Centro de Pesquisa Ngāi Tahu, na Nova Zelândia, para tentar reconstituir espécimes que se aproximem do moa original.

O que é o processo de desextinção?

O processo, batizado pela empresa de desextinção, é, na realidade, a aplicação de algumas mudanças genéticas para melhoramento de espécies que são próximas às que foram extintas. A ideia é usar usar uma combinação de trocas de pequenas partes do DNA de aves ainda existentes, como os grandes emus australianos e os pequeninos inhambus americanos, para criar espécimes que se aproximem da aparência estética da ave desaparecida há séculos.

A Colossal afirma que sua iniciativa terá um impacto cultural na zona. Para os Ngāi Tahu, povo indígena da Nova Zelândia, a presença dos moas foi importante para as bases religiosas e sociais que se estabeleceram na ilha.

“Como o projeto é liderado pelos maoris da Ilha Sul, garantiremos que o progresso seja conduzido de acordo com a Rangatiratanga (autoridade ancestral) e a tikanga (leis e costumes tradicionais)”, afirma Mike Stevens, diretor do centro de pesquisa Ngāi Tahu.

Para ele, a extinção deu uma lição ao seu povo sobre a “fragilidade da abundância” no arquipélago, que é importante para pensar nos tempos atuais.

Maoris preservaram ossadas inteiras dos moas

Desafios para trazer o moa de volta

A engenharia genética envolvida requer etapas complexas. Para reviver uma ave extinta, é preciso usar espécies vivas como substitutas, usando melhoramentos genéticos nos óvulos, espermatozoides e em ovos compatíveis.

Entre as espécies escolhidas estão o inhambu e o emu. O primeiro é o parente vivo mais próximo do moa. Já o emu, por ser maior, pode servir como substituto físico mais adequado para incubar os embriões.

Ajustes genéticos em larga escala

As diferenças genéticas entre o DNA do moa e o de suas espécies próximas vivas são imensas. Por isso, serão necessárias várias adaptações genéticas. Com ferramentas de edição e inserção de longos trechos de DNA de uma ave na outra, os cientistas conseguem realizar várias modificações ao mesmo tempo. Isso acelera o processo de reescrita do genoma moa.

“Para a Colossal, a desextinção não se trata apenas de criar um organismo que seja ou se assemelhe a ùma espécie extinta. Trata-se de fundir a biodiversidade do passado cọm as inovações do presente, em um esferço para criar um futuro mais sustentável”, afirmou a empresa.

A ave se junta a uma lista crescente de espécies que a empresa tenta reviver. Os planos incluem o mamute-lanoso e o tigre-da-tasmânia, todos extintos pela ação humana direta ou indireta.

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