Uma boa rotina alimentar pode proporcionar vários benefícios à saúde, fortalecendo a imunidade, prevenindo doenças e aumentando a disposição. No entanto, devido ao alto teor de ingredientes prejudiciais, em dietas equilibradas, a presença de alimentos ultraprocessados não é recomendada pelos especialistas.
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O consumo excessivo de carnes ultraprocessadass está associado a um maior risco de desenvolver doenças crônicas, como obesidade, diabetes e alguns tipos de câncer. Para entender qual seria a quantidade mínima capaz de provocar impactos negativos, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, fizeram a revisão de 78 estudos anteriores.
E o resultado foi alarmante: uma única porção diária já aumenta significativamente o risco de doenças graves, como câncer de intestino e diabetes tipo 2. O estudo foi publicado no final de junho na revista científica Nature Medicine.
Entre as principais carnes ultraprocessadas estão presunto, salsicha, mortadela, salaminho, bacon e outros embutidos industrializados. Esses produtos passam por processos como cura, defumação e adição de conservantes químicos, como nitritos e nitratos, que prolongam a validade, mas podem causar inflamações, mutações celulares e alterações no metabolismo.
O conceito de alimentos ultraprocessados foi criado pela equipe da Universidade de São Paulo (USP), por meio da classificação que divide os alimentos em quatro categorias. Veja abaixo a classificação:
Classificação dos alimentos
Grupo 1 (alimentos in natura ou minimamente processados): são alimentos obtidos diretamente da natureza ou submetidos a processos mínimos que não alteram sua composição original, como frutas, ovos, carnes frescas, arroz, leite e feijão.
Grupo 2 (ingredientes culinários processados): são substâncias extraídas de alimentos ou da natureza para temperar e cozinhar, como sal, açúcar e óleos vegetais.
Grupo 3 (alimentos processados): são alimentos in natura com adição de ingredientes do grupo 2, como pães simples, queijos, conservas e compotas.
Grupo 4 (alimentos ultraprocessados): são fórmulas industriais com adição de muitos ingredientes artificiais, pobres em fibras, vitaminas e minerais, mas ricos em sódio, gordura e açúcar, como refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, embutidos, macarrão instantâneo e doces industrializados.
Riscos dos ultraprocessados
De acordo com os pesquisadores, qualquer consumo diário de carnes ultraprocessadas já traz riscos. Por exemplo, quem ingere uma porção por dia (de 0,6 g a 57 g) tem um aumento mínimo de 11% no risco de diabetes tipo 2, comparado a quem não consome. Já para o câncer intestinal, o consumo diário (de 0,78 g a 55 g) eleva o risco em no mínimo 7%.
Apesar de serem percentuais pequenos, os cientistas alertam que as estimativas são conservadoras e o risco real pode ser ainda mais alto.
Alimentos ultraprocessados são considerados os vilões da saúde
“Os aumentos uniformes no risco à saúde com o aumento do consumo de carne processada sugerem que não há uma quantidade ‘segura’ de consumo no que diz respeito ao risco de diabetes ou câncer de intestino”, escrevem os autores do artigo.
Além das carnes, o estudo mostrou que o consumo de outros alimentos ultraprocessados também traz problemas à saúde. A ingestão diária de bebidas açucaradas aumentou o risco de diabetes em 8% e de doença cardíaca em 2%. A porção avaliada era de 1,5 g a 390 g, o equivalente a cerca de uma lata de refrigerante de 350 ml.
Já comidas com gorduras trans elevaram em 3% o risco de doença isquêmica do coração. A quantidade analisada representava de 0,25% a 2,56% das calorias diárias ingeridas.
“Com base em nossas descobertas, as diretrizes alimentares devem destacar os potenciais riscos à saúde associados ao consumo mesmo de pequenas quantidades de carne processada”, recomendam os autores do estudo.
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