Depois de a inflação superar o limite estabelecido pelo governo Lula, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enviou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma carta em que explica os motivos do descumprimento da meta de 3%, que admite variação de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.
Ele afirmou que, entre os componentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), houve surpresa com preços administrados, em especial energia elétrica residencial, afetados pela piora no cenário hídrico.
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Segundo o texto, essa alta inesperada dos preços administrados foi, em parte, compensada por aumentos menores nos alimentos consumidos em casa.
Também houve elevação significativa nos preços da gasolina, de serviços, de alimentos industrializados, como café, e de bens industriais, como automóveis.
No documento, Galípolo destacou que o Banco Central mantém o compromisso de reconduzir a inflação, atualmente em 5,35%, para dentro da meta.
Galípolo cita surpresas nos preços e efeitos do câmbio
Galípolo ainda relatou que a inflação importada contribuiu com 0,46 ponto porcentual para o desvio da meta no último ano.
“Os efeitos defasados da alta do câmbio ao longo de 2024 ainda tiveram forte impacto na inflação medida no segundo trimestre de 2025, como pode ser observado com a inflação de bens industriais e alimentos industrializados pressionada”, afirmou. “Em sentido contrário, os preços de petróleo recuaram, atenuando a pressão sobre os preços de combustíveis.”
O papel do IPCA e as medidas do Banco Central
O IPCA, calculado pelo IBGE desde 1979, é o indicador oficial da inflação no Brasil e serve como referência para ajustes da taxa Selic.
O índice considera a variação mensal dos preços de uma cesta de produtos e serviços, abrangendo cerca de 90% da população urbana ao avaliar categorias como alimentação, transporte, habitação, saúde e educação.
Para reverter o cenário, o Banco Central declarou que pode continuar elevando os juros, se necessário, a fim de trazer a inflação para a meta.
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Conforme a carta, a expectativa é que o IPCA volte a ficar dentro da banda de tolerância ao final do primeiro trimestre de 2026.
O órgão frisou que essa previsão depende da evolução dos componentes mais sensíveis à atividade econômica, das projeções e expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
O Banco Central informou ainda que reforçará a comunicação sobre as causas do descumprimento da meta e as medidas adotadas durante esse período.
Definição da meta e postura das autoridades
A meta de inflação, definida pelo Comitê Monetário Nacional (CMN), permanece em 3% para 2025, com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
Se o IPCA ficar acima de 4,5% ou abaixo de 1,5% por seis meses seguidos, a meta é considerada descumprida.
Esta é a segunda vez que Galípolo encaminha explicações a Haddad desde o início do mandato.
Em recente audiência no Congresso, ele declarou que tanto ele quanto o Comitê de Política Monetária (Copom) estão incomodados com o nível da inflação, mas ressaltou que alterar a meta de 3% está fora de cogitação.
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