Em toda a história da observação astronômica, apenas três objetos vindos de fora foram vistos viajando pelo Sistema Solar – e todos eles em um intervalo de menos de uma década. Além de raros, esses visitantes interestelares despertam grande interesse dos cientistas, pois podem ajudar a ampliar o entendimento sobre o Universo além do Sol.
O caso mais recente é o do cometa C/2025 N1 ATLAS, também chamado de 3I/ATLAS, justamente por ser o terceiro objeto desse tipo já registrado. Esse corpo celeste foi detectado em 1º de julho pelo Deep Random Survey, um grupo de astrônomos amadores no Chile.
Nesta imagem, várias observações foram sobrepostas, mostrando o cometa 3I/ATLAS como uma série de pontos que se movem para a direita ao longo de cerca de 13 minutos na noite de 3 de julho de 2025. Crédito: ESO/O. Hainaut
Depois, cientistas encontraram registros anteriores, mostrando que ele já havia sido captado em 14 de junho pelo Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês), da NASA, que monitora objetos que possam representar risco de colisão com o nosso planeta. O projeto, então, é considerado o responsável pela descoberta, motivo pelo qual a sigla consta no nome do cometa, cuja natureza interestelar foi confirmada em 2 de julho.
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Com aproximadamente 20 quilômetros de largura estimada, ele viaja a cerca de 66 km/s e está atualmente na órbita de Júpiter. Em outubro, deve alcançar o ponto mais próximo do Sol, mas passará por trás da estrela, dificultando sua observação.
Esta semana, o Observatório Europeu do Sul (ESO) divulgou as imagens mais nítidas feitas até agora desse novo visitante. Obtidas pelo Very Large Telescope (VLT), um dos telescópios mais potentes do mundo, que fica no Chile, elas mostram o cometa se movendo lentamente pelo céu em um vídeo de lapso de tempo feito dois dias após sua descoberta. De acordo com um comunicado do ESO, trata-se do melhor e mais profundo registro já feito de um objeto interestelar.
Relembre os outros dois objetos interestelares detectados no Sistema Solar
O primeiro objeto interestelar detectado foi o enigmático ‘Oumuamua, registrado em 2017. Esse nome estranho significa “mensageiro de longe que chega primeiro” em havaiano. Com aproximadamente 400 metros de comprimento, ele tem formato alongado e não possui uma cauda visível. Seu movimento incomum e aceleração inesperada levantaram até suspeitas de que pudesse ser uma espaçonave alienígena, embora nenhuma evidência tenha sido confirmada.
O primeiro objeto interestelar registrado no Sistema Solar, ‘Oumuamua, pode medir até 400 metros, sendo 235 metros o tamanho mais provavel. Crédito: Marcelo Zurita/Asteroid Day Brasil
Dois anos depois, em 2019, surgiu o cometa Borisov, nosso segundo visitante interestelar. Descoberto pelo astrônomo amador Gennady Borisov, ele tinha a aparência típica de um cometa, com um núcleo sólido de 975 metros e uma cauda de 160 mil km – mais de 12 vezes o diâmetro da Terra.
Essas visitas nos lembram que o Universo é dinâmico e cheio de segredos a serem revelados. E cada novo “turista” de passagem por aqui é uma oportunidade para desvendar a origem e a evolução dos corpos celestes que povoam a nossa galáxia.
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