Se você sente ou já sentiu uma sensação de desânimo e até de tristeza nos dias nublados e gelados do inverno, saiba que existe uma explicação. Isso acontece porque o frio afeta diretamente o nosso cérebro, mudando a regulação da produção de hormônios responsáveis pelas emoções.
Além disso, em certas épocas do ano, a menor exposição à luz solar pode causar o Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), uma condição que interfere no equilíbrio do organismo e provoca sintomas como fadiga, alterações no apetite e falta de concentração. Entenda mais sobre esse fenômeno e porque o frio pode afetar o seu humor!
Como o frio afeta o cérebro e altera nosso comportamento
Ainda que muitos não percebam, o frio pode impactar diretamente o funcionamento do cérebro. A queda nas temperaturas, aliada à chuva e à baixa luminosidade, cria um ambiente propício ao desânimo.
Especialistas apontam que esse cenário contribui para alterações no humor, favorece a sensação de melancolia e pode diminuir os níveis de energia, mesmo em pessoas que não costumam se abalar com mudanças climáticas.
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Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Stanford analisou mais de 3,5 bilhões de postagens em redes sociais e revelou uma correlação direta entre o clima e o estado emocional das pessoas.
Segundo os dados, mensagens publicadas em dias ensolarados tendem a ser mais positivas, enquanto períodos de frio, chuva e pouca luminosidade estão associados a expressões mais negativas e melancólicas.
Estilo de vida no inverno e o risco de depressão sazonal
A psicologia também explica que o frio não afeta apenas o corpo, ele também tem impacto direto na nossa saúde mental. A psicóloga Tatiana Serra, em entrevista ao portal Brazil Health, explica que a redução da luz solar no inverno afeta o equilíbrio emocional.
Com menos luz natural, o cérebro produz menos serotonina. Isso pode causar tristeza, apatia e cansaço. Os níveis de melatonina também mudam, interferindo no sono e na disposição.
Além disso, o estilo de vida adotado nos dias frios, com menos encontros sociais e menos atividades externas, contribui para esse cenário. Segundo Tatiana, esse comportamento aumenta o risco de depressão sazonal, principalmente em pessoas com predisposição emocional.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, o neuropsicólogo Eduardo Leal Conceição, doutor em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista do Hospital São Lucas da PUCRS, reforça que os efeitos do clima sobre o humor humano não se limitam ao campo psicológico.
Segundo ele, fatores como luminosidade e temperatura influenciam diretamente a produção de neurotransmissores e hormônios no cérebro, provocando reações orgânicas no corpo. “Não é algo só psicológico”, afirma Conceição. “O ambiente pode alterar o humor sim.”
Essa declaração acrescenta uma perspectiva científica importante ao debate, evidenciando que o frio, por exemplo, pode desencadear mudanças químicas que afetam como nos sentimos e reagimos no dia a dia.
Estratégias para amenizar os efeitos do frio no cérebro e preservar o bem-estar
Durante os meses mais frios, é comum que o cérebro reaja à menor exposição à luz solar com alterações no humor, sono e energia. Segundo o Manual MSD, o Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) está ligado a uma disfunção nos ritmos circadianos, afetando a produção de serotonina e melatonina, substâncias essenciais para o equilíbrio emocional.
Aqui vão algumas dicas práticas para driblar esses efeitos:
Invista na luz natural: sempre que possível, exponha-se à luz solar pela manhã. Isso ajuda a regular o relógio biológico e melhora o humor.
Considere a fototerapia: o uso de caixas de luz específicas pode ser eficaz no tratamento do TAS. A recomendação é utilizá-las por cerca de 30 minutos ao acordar.
Mantenha uma rotina ativa: praticar exercícios físicos, mesmo em ambientes fechados, estimula a produção de endorfinas e combate a sensação de apatia.
Cuide da alimentação: evite o excesso de carboidratos e busque uma dieta equilibrada, rica em nutrientes que favorecem o funcionamento cerebral.
Fique atento aos sinais: se os sintomas persistirem ou afetarem sua rotina, procure orientação médica. O TAS pode exigir acompanhamento profissional e, em alguns casos, uso de antidepressivos ou terapia cognitivo-comportamental.
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