Como o frio afeta o cérebro humano? Veja o que diz a medicina

Se você sente ou já sentiu uma sensação de desânimo e até de tristeza nos dias nublados e gelados do inverno, saiba que existe uma explicação. Isso acontece porque o frio afeta diretamente o nosso cérebro, mudando a regulação da produção de hormônios responsáveis pelas emoções.

Além disso, em certas épocas do ano, a menor exposição à luz solar pode causar o Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), uma condição que interfere no equilíbrio do organismo e provoca sintomas como fadiga, alterações no apetite e falta de concentração. Entenda mais sobre esse fenômeno e porque o frio pode afetar o seu humor!

Como o frio afeta o cérebro e altera nosso comportamento

Em dias nublados, a ausência de luz solar pode pesar no humor — como se o céu refletisse uma melancolia interna.(Imagem: Kirill Smirnov / Shutterstock.com)

Ainda que muitos não percebam, o frio pode impactar diretamente o funcionamento do cérebro. A queda nas temperaturas, aliada à chuva e à baixa luminosidade, cria um ambiente propício ao desânimo.

Especialistas apontam que esse cenário contribui para alterações no humor, favorece a sensação de melancolia e pode diminuir os níveis de energia, mesmo em pessoas que não costumam se abalar com mudanças climáticas.

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Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Stanford analisou mais de 3,5 bilhões de postagens em redes sociais e revelou uma correlação direta entre o clima e o estado emocional das pessoas.

Segundo os dados, mensagens publicadas em dias ensolarados tendem a ser mais positivas, enquanto períodos de frio, chuva e pouca luminosidade estão associados a expressões mais negativas e melancólicas.

Estilo de vida no inverno e o risco de depressão sazonal

A redução da luz solar no inverno pode afetar a saúde emocional das pessoas (Reprodução: Freepik/Freepik)

A psicologia também explica que o frio não afeta apenas o corpo, ele também tem impacto direto na nossa saúde mental. A psicóloga Tatiana Serra, em entrevista ao portal Brazil Health, explica que a redução da luz solar no inverno afeta o equilíbrio emocional.

Com menos luz natural, o cérebro produz menos serotonina. Isso pode causar tristeza, apatia e cansaço. Os níveis de melatonina também mudam, interferindo no sono e na disposição.

(Imagem: Jirawan Phurahong)

Além disso, o estilo de vida adotado nos dias frios, com menos encontros sociais e menos atividades externas, contribui para esse cenário. Segundo Tatiana, esse comportamento aumenta o risco de depressão sazonal, principalmente em pessoas com predisposição emocional.

Em entrevista ao jornal Zero Hora, o neuropsicólogo Eduardo Leal Conceição, doutor em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista do Hospital São Lucas da PUCRS, reforça que os efeitos do clima sobre o humor humano não se limitam ao campo psicológico.

Segundo ele, fatores como luminosidade e temperatura influenciam diretamente a produção de neurotransmissores e hormônios no cérebro, provocando reações orgânicas no corpo. “Não é algo só psicológico”, afirma Conceição. “O ambiente pode alterar o humor sim.”

Essa declaração acrescenta uma perspectiva científica importante ao debate, evidenciando que o frio, por exemplo, pode desencadear mudanças químicas que afetam como nos sentimos e reagimos no dia a dia.

Estratégias para amenizar os efeitos do frio no cérebro e preservar o bem-estar

Procurar exposição solar em dias frios ajuda a melhorar o humor/Imagem: ilona titova / iStock

Durante os meses mais frios, é comum que o cérebro reaja à menor exposição à luz solar com alterações no humor, sono e energia. Segundo o Manual MSD, o Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) está ligado a uma disfunção nos ritmos circadianos, afetando a produção de serotonina e melatonina, substâncias essenciais para o equilíbrio emocional.

Aqui vão algumas dicas práticas para driblar esses efeitos:

Invista na luz natural: sempre que possível, exponha-se à luz solar pela manhã. Isso ajuda a regular o relógio biológico e melhora o humor.

Considere a fototerapia: o uso de caixas de luz específicas pode ser eficaz no tratamento do TAS. A recomendação é utilizá-las por cerca de 30 minutos ao acordar.

Mantenha uma rotina ativa: praticar exercícios físicos, mesmo em ambientes fechados, estimula a produção de endorfinas e combate a sensação de apatia.

Cuide da alimentação: evite o excesso de carboidratos e busque uma dieta equilibrada, rica em nutrientes que favorecem o funcionamento cerebral.

Fique atento aos sinais: se os sintomas persistirem ou afetarem sua rotina, procure orientação médica. O TAS pode exigir acompanhamento profissional e, em alguns casos, uso de antidepressivos ou terapia cognitivo-comportamental.

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