Se você tem curiosidade de conhecer a beleza das culturas Brasil afora, com certeza vai se surpreender positivamente com a intrigante Vila Trunyan, localizada na belíssima ilha de Bali na Indonésia. Isso porque, o local tem uma tradição um tanto peculiar, onde há uma conexão entre uma árvore “mágica” e um cemitério a céu aberto.
Nesse caso, céu aberto significa que os corpos ficam expostos sob a superfície. Basicamente, não há sepultamento nesse local. No entanto, há um fator importantíssimo para que isso seja possível. Confira a seguir e entenda mais sobre essa fascinante vila habitada pelo povo Bali Aga.
Cemitério a céu aberto e árvore ‘mágica’: o mistério de Trunyan
Para entender mais sobre a árvore “mágica”, também conhecida como sagrada, e o cemitério a céu aberto, é importante conhecer melhor o povo Bali Aga, que difere um pouco dos demais cidadãos da ilha de Bali.
Originalmente, esse povo constitui um grupo singular que preserva a cultura ancestral de Bali, adotando o balinês como língua principal, em vez do bahasa indonésio, que é o idioma oficial do país.
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Os Bali Aga são moradores da vila de Trunyan, localizada às margens do Lago Batur em Bali. Uma característica marcante desse povo é não seguir exatamente o hinduísmo tradicional praticado no restante da ilha.
Nesse contexto, destaca-se o funeral realizado em Trunyan, pois enquanto os hindus balineses cremam seus mortos, os Bali Aga colocam seus entes queridos falecidos em um cemitério a céu aberto.
Na tradição, os mortos são conduzidos em canoas até um cemitério ao ar livre, onde seus corpos permanecem expostos, seguindo um ritual ancestral. O local é isolado e cercado por encostas íngremes cobertas por vegetação densa, situado às margens de um extenso lago de cratera nas regiões montanhosas de Bali, acessível apenas por uma breve viagem de barco a partir da vila principal.
O ritual no cemitério e a árvore sagrada
Após a viagem de barco, os mortos são levados à chamada “Ilha da Caveira”, que pertence ao mesmo território da vila Trunyan. Quando chegam lá, os mortos são colocados diretamente no chão, cobertos por um tecido branco com o rosto exposto.
Em seguida, uma estrutura de bambu conhecida como ancak sanji é erguida ao redor dos corpos, compondo o ritual denominado Mepasah. A cerimônia consiste em deixar os mortos sob o efeito da natureza, expostos à chuva e ao ar livre até que se decomponham naturalmente.
Sobretudo, o fator que permite a execução desse costume sem incômodo sanitário está na árvore sagrada Taru Menyan, localizada no centro do cemitério. Isso porque, ela exala um aroma intenso e perfumado capaz de neutralizar os odores da decomposição, tornando o ambiente surpreendentemente livre de mau cheiro. Por respeito à tradição, apenas 11 corpos podem passar pelo Mepasah ao mesmo tempo, o que reforça o caráter ritualístico e ancestral dessa prática singular mantida pelos Bali Aga.
Por que os Bali Aga não enterram os mortos?
A principal razão para não utilizarem o fogo ou o sepultamento está ligada ao respeito pela natureza e à presença do vulcão Monte Batur, considerado sagrado. Acredita-se que o uso do fogo poderia ofender os espíritos da montanha. Portanto, o vulcão Monte Batur molda a vida e a morte nessa região há séculos. Isso porque a vila fica abaixo desse vulcão ativo, às margens do lago agitado na cratera.
No entanto, nem todos os habitantes da vila podem ser levados a esse cemitério sagrado. O privilégio de descansar sob a árvore Taru Menyan é reservado apenas àqueles que atingem certo status na comunidade, como líderes espirituais, anciãos ou indivíduos que morreram de causas naturais.
Aqueles que morrem antes de casar-se ou afogados, por exemplo, são sepultados ou cremados em locais distintos, conforme rituais alternativos que coexistem com as práticas ancestrais da vila.
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