Um conjunto de sapatos de couro com tamanhos acima da média foi encontrado por arqueólogos nas ruínas do Forte Magna, no norte da Inglaterra. Os calçados datam da época do Império Romano e levantam novas hipóteses sobre os soldados que ocuparam a região há quase dois mil anos.
A descoberta aconteceu durante uma escavação financiada por um fundo de patrimônio britânico que há cinco anos investiga as camadas mais profundas do solo do local.
Entre as 34 peças encontradas em maio, oito medem mais de 30 centímetros de comprimento (equivalente ao tamanho 46 no Brasil), algo considerado “excepcional” mesmo para os padrões atuais, segundo especialistas.
Segundo a arqueóloga Rachel Frame, responsável pelas escavações, o primeiro calçado grande chamou a atenção tanto pelo tamanho, como pelo estado de conservção.
“Achamos que pudesse ser uma bota de inverno, ou que estivessem usando meias grossas. Mas conforme encontramos outros, ficou claro que algumas pessoas realmente tinham pés grandes”, disse ela em comunicado divulgado pelo Vindolanda Trust, instituição que conduz o projeto.
Solado de couro medindo 32,6 cm da Magna Fort
Comparação com outra coleção
O achado tem sido comparado com outra famosa coleção de calçados romanos, vinda do forte vizinho de Vindolanda, também na Muralha de Adriano. Enquanto lá apenas uma pequena parte dos milhares de sapatos encontrdos passa dos 30 centímetros, em Magna eles já representam 25% do total descoberto até agora.
Para Elizabeth Greene, especialista em calçados romanos da Universidade de Western Ontario, isso pode indicar que tropas fisicamente maiores foram posicionadas naquele ponto estratégico da fronteira.
“Mesmo considerando um possível encolhimento natural do couro, os tamanhos ainda são impressionantes”, ressaltou.
Além dos modelos gigantes, a coleção inclui calçados infantis, sandálias de verão e botas de marcha, o que ajuda os pesquisadores a entender melhor o perfil da população que viveu ali, formada não só por soldados, mas também por mulheres e crianças.
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Boa parte dos sapatos foi preservada por causa das condições especiais do solo, com pouco oxigênio. No entanto, as mudanças climáticas têm ameaçado esse tipo de preservação. Oscilações de temperatura e chuvas intensas modificam o pH e introduzem ar nas camadas enterradas, acelerando a degradação de materiais orgânicos como o couro.
“Essas descobertas são preciosas justamente porque são raras. Elas contam histórias de pessoas comuns, não apenas de imperadores e generais”, disse Frame. Os trabalhos no Forte Magna continuam nos próximos meses.
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