Conhecido por ser o ponto mais alto do planeta, o Monte Everest está localizado na fronteira entre o Nepal e o Tibete, ambos na Ásia. A montanha gigante possui mais de oito mil metros de altitude e, pela movimentação tectônica, continua crescendo. Um dos lugares mais procurados por alpinistas, o gigante é palco de histórias de superação, conquista e tragédias humanas.
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“O Everest é um local que apresenta baixo nível de oxigênio, ventos violentos e temperaturas congelantes (abaixo de -30 ºC e com sensação térmica que pode chegar a -60 ºC). Isso compromete a resistência física dos alpinistas e impede operações de resgate prolongadas em caso de acidentes. O terreno acidentado e instável – com penhascos, fendas e gelo escorregadio – também dificulta”, explica o professor de geografia Flávio Bueno, do Centro Educacional Sigma, em Brasília.
Zona da morte
Com todos esses atributos, escalar o pico não é uma missão nada fácil, mas muitos alpinistas encaram as dificuldades para chegar ao topo do mundo. Teoricamente, os principais períodos para subir a montanha são a primavera (de março a maio) e o outono (de setembro a novembro).
Um dos maiores desafios é chegar ao local onde a altitude ultrapassa os oito mil metros. A região é conhecida como a Zona da Morte, pois os riscos aumentam drasticamente. O cuidado tem que ser redobrado, sendo necessário o uso de cilindros de oxigênio para não perder a respiração e ter alucinações, além da necessidade de agasalhamento intenso para diminuir evitar o congelamento.
Por que tantos corpos permanecem no Everest?
Mais de 300 pessoas já morreram tentando escalar o Everest e estima-se que cerca de 200 corpos permanecem na montanha até hoje. O fato está ligado à dificuldade de resgate no local: o processo é extremamente difícil, caro e perigoso.
“Remover um corpo do Everest é uma operação de altíssimo risco, tanto por aspectos humanos quanto físicos. Estamos falando de ambientes onde a pressão atmosférica é um terço do nível do mar, o que compromete a oxigenação do corpo e a capacidade de trabalho físico”, afirma o geólogo Edilson Cadete, que atua na Paraíba.
Por exemplo, um corpo congelado pode ultrapassar facilmente os 100 kg, dificultando a remoção. Outro fator que atrapalha são as encostas inclinadas da montanha, com neve fofa ou gelo duro. Qualquer erro pode ocasionar avalanches ou quedas.
O custo para remoção de corpos também é um fator limitante, variando entre R$ 160 mil a R$ 440 mil. O resgate exige uma equipe experiente, com equipamentos especializados, além de clima favorável para realizar o trabalho. Com tantas dificuldades, muitas famílias não conseguem arcar com o montante e preferem deixar o corpo no local.
Histórias que marcaram a montanha
A montanha também é palco de histórias trágicas, heróicas e curiosas. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em 1996, quando um alpinista não identificado morreu na subida: porém, devido às suas botas verdes, que ficaram visíveis na neve, ficou conhecido com Green Boots (bota verde, na tradução em português).
O corpo serviu por anos como ponto de referência para montanhistas, levantando dilemas éticos sobre o uso de restos humanos como guias visuais.
Cada vez mais aumenta o número de interessados em escalar o Everest
Outro caso emblemático é o do britânico David Sharp, que morreu em 2006 no mesmo local que Green Boots. Antes de falecer, o homem foi ignorado por vários alpinistas que passaram por ele sem ajudá-lo.
Um nome bastante lembrado é de Vitor Negrete, o primeiro brasileiro a alcançar o topo da montanha sem oxigênio complementar. Porém, ele também acabou falecendo durante a descida, em 2006.
Lixo congelado e turismo exagerado
Além de corpos, o Everest está coberto por toneladas de lixo, como cilindros de oxigênio, barracas abandonadas, restos de roupas, fezes humanas e equipamentos de escalada. Acredita-se que 50 toneladas de lixo são produzidas na montanha por temporada. Isso levou ONGs e o governo do Nepal a organizarem campanhas para tirar os resíduos do local.
Além disso, outro motivo de preocupação para as autoridades é como o monte está superlotado. Escalar o Everest ou explorar outros locais montanhosos deixou de ser um desafio para poucos e passou a atrair milhares de aventureiros e turistas – muitos deles com pouca preparação –, tornando o processo perigoso.
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