Arqueólogos descobriram que, na Idade da Pedra, hominídeos na África andavam quilômetros para encontrar pedras coloridas para fazer suas ferramentas. O estudo, publicado no Journal of Archaeological Science, revela que esses grupos tinham preferencias e que a “moda primitiva” mudou com o tempo.
A equipe analisou artefatos de pedra de 40 mil anos e depósitos de rocha no Reino de Essuatíni (antiga Suazilândia), país entre a África do Sul e Moçambique. As amostras revelaram que caçadores-coletores da região buscavam materiais com cores vibrantes, como jaspe vermelho, calcedônia verde e xisto preto.
O grupo coletou rochas em quatro sítios arqueológicos para reconstruir o passado. Nomeados de Hlalakahle, Siphiso, Sibebe e Nkambeni, os locais abrigam artefatos milenares e as rochas coloridas utilizadas pelos hominídeos pré-históricos.
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Átomos revelaram o passado
Os pesquisadores utilizaram a técnica de Análise de Ativação com Nêutrons (NAA) para determinar a origem das pedras.
Nesse método, as amostras são irradiadas com nêutrons (partículas de carga neutra que compõem os átomos), provocando uma interação direta entre os nêutrons e os núcleos atômicos do material analisado.
A radiação liberada e os demais produtos desse fenômeno indicam os elementos que compõem a amostra, a quantidade de cada um e seus isótopos (átomos iguais, mas com massas diferentes).
No fim, a técnica revela um padrão específico chamado de impressão digital geoquímica – único para cada material e seus respectivos locais de origem.
“Embora o método seja destrutivo, apenas pequenas quantidades de amostra são necessárias e os resultados são excelentes. Comparando os padrões de análise da pedra utilizada e das rochas encontradas na região, podemos identificar a origem da pedra bruta”, explicou o Dr. Gregor D. Bader, líder do estudo e pesquisador na Universidade de Tubinga, na Alemanha, em um comunicado.
A pesquisa demonstra que a calcedônia verde e o jaspe vermelho têm a mesma impressão digital geoquímica encontrada nas rochas do Vale Mgwayjza, localizado de 20 a 100 quilômetros de distância de onde os artefatos foram encontrados.
“Mesmo supondo que os caçadores-coletores seguissem as rotas mais curtas, ainda encontramos distâncias consideráveis entre os depósitos rochosos e os locais onde usavam as pedras. Além disso, é concebível uma troca de materiais com outros grupos humanos primitivos”, comentou Bader.
Humanos pré-históricos tinham preferências
Um comportamento chamou a atenção dos pesquisadores: a preferência por determinadas cores mudou no decorrer do tempo. O xisto preto e a calcedônia verde foram usados mais frequentemente na Idade da Pedra Média, de 40 mil a 28 mil anos atrás, e o jaspe vermelho foi mais popular no final e após a Idade da Pedra, entre 30 e 2 mil anos atrás.
“Ambas as cores ocorreram próximas umas das outras no mesmo vale e nos mesmos depósitos fluviais, então podemos supor uma seleção deliberada de materiais diferentes em momentos diferentes”, comentou o doutor.
Segundo a equipe, serão necessárias mais análises em outros sítios arqueológicos para comprovar as conclusões do estudo. Porém, enquanto novas evidências não aparecem, é interessante pensar que cultura e moda jé estavam presentes desde os primórdios da humanidade.
“Materiais coloridos e brilhantes pareciam atraentes para os primeiros humanos; eles frequentemente os usavam em suas ferramentas. Só podemos especular se as cores tinham um significado simbólico”, concluiu Bader.
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