Cientistas detectaram um novo exoplaneta no sistema Kepler-139 ao analisarem as órbitas dos planetas já conhecidos ali. Chamado Kepler-139f, o planeta gigante parece Netuno e tem cerca de 35 vezes a massa da Terra. Ele completa uma órbita ao redor da sua estrela a cada 355 dias.
Apesar de seu tamanho, o Kepler-139f tinha passado despercebido até então por não transitar diretamente entre sua estrela e a Terra. Olhar para esse gap é o método mais comum para identificar planetas.
O telescópio espacial Kepler só consegue observar trânsitos ocorridos numa faixa estreita de visão entre ele e a estrela. Planetas com órbitas inclinadas tendem a ficar fora desta faixa. Por isso, ficam “invisíveis”.
Gravidade de planetas ‘invisíveis’ entregam suas posições no Universo
Quando um planeta oculto faz parte de um sistema com outros planetas, dá para identificá-lo indiretamente. Como? Analisando seus efeitos gravitacionais sobre os outros corpos celestes do sistema.
No caso de Kepler-139, já se sabia que o sistema tinha outras três super-Terras e um gigante gasoso. Lacunas nas órbitas desses planetas sugeriam a existência de outros mundos ainda não observados.
Os cientistas usaram dois métodos para detectar o Kepler-139f:
Velocidade radial (RV): mede o puxão gravitacional do planeta sobre sua estrela;
Variações no tempo de trânsito (TTVs): indicam alterações nas órbitas de planetas visíveis causadas por interações com outros planetas invisíveis.
Ao combinar essas técnicas, os pesquisadores inferiram a presença do exoplaneta entre a super-Terra mais externa e o gigante gasoso.
Caleb Lammers, pesquisador da Universidade de Princeton, e seu colega Joshua Winn analisaram dados coletados antes da sua pesquisa e revisaram as TTVs com base na descoberta mais recente do Kepler-139e.
A princípio, os dados de RV sozinhos não eram conclusivos. Mas, quando combinados com os TTVs, revelaram a presença do Kepler-139f no sistema. É o que Lammers e Winn explicam em artigo publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.
Resolução de mistério e próximos passos
A descoberta também resolveu um mistério: a densidade anormalmente alta do Kepler-139c. Como os cientistas que descobriram este exoplaneta não sabiam que o Kepler-139f existia, atribuíram, erroneamente, parte da sua influência gravitacional ao 139c.
Agora, com a correção, a densidade do Kepler-139c ficou mais compatível com a de outros planetas do mesmo porte. Isso sem alterar significativamente as características de outros planetas do sistema.
Os astrônomos acreditam que ainda podem existir outros planetas “invisíveis” no sistema Kepler-139 – especialmente considerando uma grande lacuna entre os exoplanetas 139b e 139c. “O desafio é encontrá-los”, disse Lammers ao Space.com.
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Terra pode ter mais de uma Lua (atualmente, seis!)
No final de 2024, um pequeno asteroide chamado 2024 PT5 adentrou a órbita próxima da Terra e ficou conhecido como a “minilua provisória” do nosso planeta. O objeto, até então desconhecido, tornou-se tema de diversas pesquisas. Mas ele não é único: um novo estudo sugere que a Terra pode abrigar pelo menos seis “miniluas” a qualquer momento.
Uma minilua surge quando um objeto colide com a Lua e gera detritos espaciais. A maior parte deles é muito pequena e acaba sendo atraída pelo Sol. No entanto, uma pequena fração pode ser capturada pela gravidade da Terra (embora, eventualmente, também siga em direção à estrela no centro do Sistema Solar). Essas colisões ocorreram há milhares de anos e deixaram fragmentos espalhados pelo espaço.
Um estudo anterior sugeriu que a maioria desses objetos vem do cinturão de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter. Mas uma pesquisa recente publicada na Icarus ampliou as possibilidades.
Saiba mais nesta matéria do Olhar Digital.
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