DNA ancestral revela sociedade dominada por mulheres na China Antiga

Cientistas descobriram, na China, um dos assentamentos mais antigos de uma sociedade matrilinear conhecida. Datado de aproximadamente 4.750 anos, o local pertenceu à cultura neolítica Dawenkou e foi encontrado na província de Shandong. Fica perto do rio Amarelo – considerado o berço da civilização chinesa.

Essa sociedade era dominada por mulheres. Por isso, herança e linhagem familiar eram transmitidas via materna, não paterna. A pesquisa, publicada na revista Nature, desafia ideias tradicionais sobre a evolução das estruturas sociais humanas.

Sítio arqueológico de sociedade matrilinear foi descoberto durante obras de infraestrutura e urbanização

O sítio arqueológico, chamado Fujia, tem cerca de 37 hectares (91 acres, aproximadamente) e foi escavado ao longo de décadas, a partir dos anos 1980, como parte de uma “escavação de resgate” realizada durante obras de infraestrutura.

DNA mostrou que os enterrados no cemitério do norte (esqueleto de cima) descendiam da mesma mulher, enquanto os enterrados no sul (esqueleto de baixo) descendiam de outra (Imagem: Ning Chao)

Durante as escavações, arqueólogos encontraram áreas residenciais, cerâmicas e sepultamentos que revelaram aspectos importantes da organização social da época.

A análise genética de ossos de 60 indivíduos mostrou que os enterrados no cemitério do norte descendiam da mesma mulher por cerca de dez gerações. Já os enterrados no cemitério do sul tinham outra linhagem materna.

O que isso mostra: a existência de clãs maternos distintos convivendo no mesmo assentamento, com casamentos entre membros de clãs diferentes.

Por dentro do DNA e da sociedade Dawenkou

O DNA mitocondrial, herdado apenas pela linha materna, era idêntico dentro dos clãs. Já o cromossomo Y, que segue a linhagem paterna, era diverso. Ou seja, homens vinham de fora e mulheres permaneciam em seus grupos de origem.

DNA mitocondrial, herdado apenas pela linha materna, era idêntico dentro dos clãs (Imagem: 3Dsss/Shutterstock)

Por fim, os pesquisadores sugerem que esse modelo matrilinear não era exclusivo de Fujia. Um sítio vizinho, chamado Wucun, apresentou características semelhantes. Isso aponta para um padrão regional mais amplo de sociedades dominadas por mulheres na China neolítica.

Além disso, a pesquisa serve como um lembrete de que estruturas sociais, por muito tempo consideradas normas, podem evoluir e se transformar. É o que disse Ning Chao, biólogo da Universidade de Pequim e líder do estudo, segundo o Wall Street Journal.

Leia mais:

Fóssil de tartaruga gigante é encontrado na Amazônia

Por que os Bali Aga não enterram os mortos? Descubra uma ilha com um cemitério diferente

Qual era a cor dos olhos, cabelos e pele dos neandertais?

Humanos primitivos viajavam atrás de pedras coloridas, diz estudo

Arqueólogos descobriram que, na Idade da Pedra, hominídeos na África andavam quilômetros para encontrar pedras coloridas para fazer suas ferramentas. O estudo, publicado no Journal of Archaeological Science, revela que esses grupos tinham preferencias e que a “moda primitiva” mudou com o tempo.

Afloramento de calcedônia verde, rocha usada popularmente pelos humanos primitivos da região onde hoje é o Reino de Essuatíni (Imagem: Bader et al, 2025)

A equipe analisou artefatos de pedra de 40 mil anos e depósitos de rocha no Reino de Essuatíni (antiga Suazilândia), país entre a África do Sul e Moçambique. As amostras revelaram que caçadores-coletores da região buscavam materiais com cores vibrantes, como jaspe vermelho, calcedônia verde e xisto preto. 

O grupo coletou rochas em quatro sítios arqueológicos para reconstruir o passado. Nomeados de Hlalakahle, Siphiso, Sibebe e Nkambeni, os locais abrigam artefatos milenares e as rochas coloridas utilizadas pelos hominídeos pré-históricos.

Saiba mais nesta matéria do Olhar Digital.

O post DNA ancestral revela sociedade dominada por mulheres na China Antiga apareceu primeiro em Olhar Digital.