Vivemos em um ritmo cada vez mais acelerado e muitas vezes as 24 horas do dia não são suficientes para darmos conta de tudo. Um exemplo disso é o hábito de ouvir podcasts, audiolivros e até vídeos em velocidades de reprodução maiores.
De acordo com uma pesquisa realizada com estudantes na Califórnia, nos Estados Unidos, 89% deles admitiram mudar a velocidade de reprodução de aulas online. Mas você sabe como isso pode impactar o nosso cérebro?
Há vantagens, mas também desvantagens
As vantagens de assistir conteúdos em velocidades mais rápidas são óbvias.
Isso permite uma economia de tempo, possibilitando a realização de outras tarefas.
Além disso, o hábito pode ser bastante útil em um contexto educacional, podendo liberar tempo para consolidar conhecimentos, fazer testes práticos e assim por diante.
Assistir vídeos mais rapidamente também é uma boa maneira de garantir que você mantenha sua atenção e engajamento durante todo o tempo, evitando distrações.
Mas acredite, isso também tem desvantagens.
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Impactos para o cérebro
Em artigo publicado no The Conversation, o professor Marcus Pearce, da Universidade Queen Mary de Londres, explica o que acontece quando uma pessoa é exposta à informação. Na chamada de fase de codificação, o cérebro leva algum tempo para processar e compreender o fluxo de fala recebido. As palavras devem ser extraídas e seu significado contextual recuperado da memória em tempo real.
As pessoas geralmente falam a uma velocidade de cerca de 150 palavras por minuto, embora dobrar essa velocidade para 300 ou até triplicá-la para 450 palavras por minuto ainda esteja dentro da faixa do que podemos considerar inteligível. A questão é mais sobre a qualidade e a longevidade das memórias que formamos.
Marcus Pearce, da Universidade Queen Mary de Londres
As informações recebidas são, então, armazenadas temporariamente em um sistema de memória chamado memória de trabalho. Isso permite que blocos de informação sejam transformados, combinados e manipulados em um formato pronto para transferência para a memória de longo prazo. Como nossa memória de trabalho tem capacidade limitada, se muita informação chega muito rápido, ela pode ser excedida. Isso leva à sobrecarga cognitiva e à perda de informação.
Os efeitos negativos são maiores em pessoas entre 61 e 94 anos. Isso pode refletir um enfraquecimento da capacidade de memória, mesmo em pessoas saudáveis, sugerindo que adultos mais velhos devem assistir a conteúdo em velocidade normal ou até mesmo em velocidades de reprodução mais lentas para compensar.
Uma observação final é que, mesmo que reproduzir conteúdo a, digamos, 1,5x a velocidade normal não afete o desempenho da memória, há evidências que sugerem que a experiência é menos agradável. Isso pode afetar a motivação e a experiência das pessoas em aprender coisas, o que pode levá-las a encontrar mais desculpas para não fazê-lo. Por outro lado, a reprodução mais rápida se tornou popular, então talvez, quando as pessoas se acostumarem, esteja tudo bem – espero que entendamos melhor esses processos nos próximos anos.
Marcus Pearce, da Universidade Queen Mary de Londres
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