Pesquisadores internacionais observaram a colisão entre buracos negros mais massiva já detectada através de ondas gravitacionais. O sinal do evento foi observado com o auxílio de uma colaboração internacional dos detectores LIGO (dos Estados Unidos), Virgo (da Itália) e KAGRA (do Japão).
O objeto final gerado pela fusão tinha massa 225 vezes superior à do Sol, ultrapassando o recorde anterior, que era de 142 vezes a massa solar. O tamanho do fenômeno surpreendeu os cientistas. Todas as descobertas ligadas à colisão GW 231123 serão apresentadas na 24ª Conferência Internacional sobre Relatividade Geral e Gravitação e na 16ª Conferência Edoardo Amaldi sobre Ondas Gravitacionais, ambas realizadas conjuntamente em Glasgow, no Reino Unido, até o dia 18 de julho.
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Um ponto que intrigou os astrônomos foi a origem dos buracos negros envolvidos no evento. Os dois tinham massas individuais maiores do que os modelos astrofísicos previam como possíveis. De acordo com as teorias atuais de evolução estelar, existe um limite de massa entre 40 e 60 sóis para que uma estrela se torne um buraco negro.
Com massas acima disso, o esperado era que a estrela se destruísse por completo através de um processo chamado supernova de instabilidade de par – um tipo raro de explosão estelar que ocorre em estrelas extremamente massivas, com mais de 100 vezes a massa do Sol.
Pistas de fusões anteriores
A presença de dois buracos negros tão pesados indica que cada um deles já era produto de fusões anteriores de buracos negros menores. Também foi constatado pelos pesquisadores que ambos estavam girando em velocidades extremamente altas, próximas do limite teórico de rotação possível.
Nova descoberta pode trazer novas pistas sobre a formação de buracos negros
A rapidez complicou a análise do sinal de ondas gravitacionais, mas forneceu um rastro importante: buracos negros que já passaram por fusões anteriores tendem a girar mais rápido.
“Este é o binário de buraco negro mais massivo que já observamos por meio de ondas gravitacionais e representa um verdadeiro desafio para nossa compreensão da formação de buracos negros”, diz o astrônomo e físico Mark Hannam, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, e membro da LIGO, em comunicado.
Consequências para o futuro
A descoberta desafia diretamente tudo o que se sabe até os dias atuais sobre como os buracos negros se formam, crescem e se fundem, além de trazer novas pistas sobre como buracos negros supermassivos podem se originar.
“Levará anos para que a comunidade desvende completamente esse padrão de sinais e todas as suas implicações. Embora a explicação mais provável continue sendo uma fusão de buracos negros, cenários mais complexos podem ser a chave para decifrar suas características inesperadas. Teremos tempos emocionantes pela frente”, destaca o físico Gregorio Carullo, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, que participou da observação.
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