Como já diz o ditado, “você é o que você come”. Não é novidade pra ninguém que o que colocamos no prato tem impacto direto na saúde física e mental. Manter uma alimentação equilibrada é um dos pilares para viver mais e melhor. Mas, o que funciona para uns, pode não funcionar para outros. Diferenças de gênero, idade, cultura, renda e estilo de vida moldam as preferências e hábitos alimentares.
É o que diz um estudo publicado em 2 de julho na revista Nutrients. A pesquisa revela que idade e gênero influenciam significativamente nos padrões alimentares. O estudo, conduzido pelo professor Katsumi lizuka, do departamento de Nutrição Clínica da Universidade de Saúde de Fujika, no Japão, analisou os hábitos de consumo de 2.743 funcionários da própria instituição, com idades entre 20 e 59 anos.
O objetivo era entender como as preferências alimentares variam ao longo da vida, entre homens e mulheres, e como essas diferenças podem impactar a saúde.
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Os pesquisadores avaliaram não só a frequência do consumo de alimentos, mas também a diversidade alimentar dentro da cada grupo. Foram classificadas como “diversidade alfa” as diferenças em um único grupo, e “diversidade beta” as encontradas em grupos distintos, considerando a idade e o sexo dos participantes.
Mulheres mais velhas se alimentam melhor
Entre os resultados, chamou atenção o fato de que mulheres apresentam padrões alimentares mais diversos do que os homens. Participantes do sexo feminino, por exemplo, consumiam frutas com mais frequência.
As preferências também mudaram com a idade: homens jovens seguiam dietas mais restritas, enquanto mulheres mais velhas mostravam mais variedade alimentar, com ênfase em carnes, ovos, frutas e laticínios. Já os homens mais velhos tendiam a adotar um padrão alimentar tradicional japonês, com mais peixe e gordura, e as mulheres mais jovens preferiam alimentos vegetais, como frutas, legumes e batatas.
Segundo o autor, as escolhas na dieta se tornam mais equilibradas com o passar dos anos. “Visualizar as diferenças nos padrões alimentares entre gerações pode melhorar a compreensão do público em geral sobre o equilíbrio e a diversidade alimentar”, explica o professor lizuka, em entrevista para a revista Nutrients.
lizuka acredita que esses dados podem ajudar a criar orientações nutricionais personalizadas e estratégias de saúde pública mais eficazes. “Estar ciente das diferenças específicas de gênero e idade nos padrões e na diversidade alimentar pode levar a uma melhora nutricional individualizada para cada faixa etária e gênero”, afirma.
Ambiente em que vivemos influencia a dieta
Outro dado relevante é que a ingestão de alimentos considerados benéficos, como frutas, algas marinhas e laticínios, aumentou com a idade em ambos os sexos. Uma possível explicação é que pessoas mais velhas tendem a viver em família, o que favorece refeições mais estruturadas, enquanto jovens adultos que vivem sozinhos acabam optando por escolhas menos nutritivas.
A pesquisa também sugere que ambientes como refeitórios corporativos e locais de trabalho podem influenciar positivamente os hábitos alimentares, especialmente entre os mais jovens. Incentivar o consumo de alimentos ricos em fibras, de acordo com o professor lizuka, pode ajudar a reduzir o risco de doenças crônicas como diabetes, obesidade, doenças cardíacas e câncer.
Com base nos dados, os cientistas reforçam que conhecer e respeitar as preferências e necessidades nutricionais de diferentes faixas etárias e gêneros pode ser uma ferramenta poderosa na promoção de saúde e prevenção de doenças, com reflexos inclusive na saúde intestinal e no equilíbrio da microbiota.
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