A análise das taxas de juros sob os governos brasileiros do século 21 revela que, no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a média da Selic deve chegar a 12,25% conforme projeção da MoneYou. A estimativa foi publicada no início desta semana pelo site Poder360.
O nível só é superado pelo registrado de 2003 e 2006, no primeiro mandato do atual presidente da República. Na ocasião, a taxa básica de juros média no país atingiu 18,3%. Nos anos seguintes, de 2007 a 2010 (governo Lula 2), a média da Selic recuou para 11,8%.
Durante a gestão de Jair Bolsonaro, de 2019 a 2022, o Banco Central reduziu os juros básicos de 4,5% para 2%. Foi uma resposta direta à pandemia de covid-19 e ao cenário de isolamento social, buscando incentivar a atividade econômica do país.
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No atual ciclo, a expectativa é que os juros reais do terceiro mandato de Lula fiquem em 7,65% ao ano, maior patamar desde os 11,2% do primeiro dele. Os juros reais resultam da dedução da inflação sobre a Selic, refletindo o grau de estímulo ou restrição na política monetária.
Inflação e comparativos entre governos
Quanto à inflação, o período Lula apresenta médias mais baixas em comparação com outros governos do século. A previsão é de que a taxa anualizada ao final do atual mandato do petista seja de 4,9%. No governo Bolsonaro, o índice ficou em 5,5%. O segundo mandato de Lula detém o menor valor anterior, com 5,1%.
O cenário eleitoral também influencia as projeções do mercado para a Selic. Para setembro de 2026, mês anterior às eleições gerais, a estimativa do mercado financeiro é de que o Comitê de Política Monetária reduza a taxa para 13% ao ano. Esse será o quarto maior patamar de juros em meses eleitorais, atrás das taxas registradas em 2002 (18%), 2006 (14,25%) e 2022 (13,75%).
Expectativas para a Selic no ciclo eleitoral
As projeções para o ciclo que vai de janeiro de 2025 a setembro de 2026 indicam um aumento da Selic de 12,25% para 13%, um aperto menor do que os observados antes das eleições de 2022, 2014 e 2002. No ciclo mais intenso de elevação, registrado quando Lula venceu nas últimas eleições, a taxa saltou de 2% para 13,75% ao ano.
O economista Jason Vieira, da MoneYou, avaliou que a eficácia da política monetária está limitada por um canal de transmissão “entupido”. De acordo com ele, a situação obriga o Banco Central a elevar mais a Selic para alcançar o impacto desejado, que é o de conter a inflação no país.
“Isso tem sido uma discussão bem constante no Brasil”, disse Vieira, segundo o Poder360. “Fica a dúvida agora do quanto vai impactar [as eleições]. Não é bom [ter a] taxa de juros elevada, politicamente. É relativamente pesado, mas não foi a taxa de juros, por exemplo, que gerou problemas para o Bolsonaro.”
Desafios estruturais e eficácia da política monetária
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, atribuiu o problema à presença de subsídios cruzados que acabam por “distorcer” e “retirar potência” da Selic. Jason Vieira acrescentou que as incertezas fiscais ampliam a dificuldade para atingir a meta de inflação, já que a ausência de medidas estruturais para conter gastos públicos faz crescer a necessidade de juros altos para compensar uma política monetária fragilizada.
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