Taxação de Trump pode bater até nos EUA

Ao anunciar uma taxa extra de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente Donald Trump ligou um alerta vermelho em empresários com negócios do Oiapoque ao Chuí. Nem sequer os de São Paulo, Estado mais rico do Brasil, ficaram de fora.

Tarcísio Gomes de Freitas, governador paulista, movimentou-se para tentar ajudar nas negociações do governo Lula com a Casa Branca. Mas isso tem motivo — é uma dessas horas em que vale o “Brasil acima de todos”.

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Para São Paulo, os Estados Unidos valem US$ 13,5 bilhões em exportações. E a maior parte é de produtos industrializados. No caso de todo o Brasil, são US$ 40 bilhões de receita com as vendas. E, para os norte-americanos, ambos significam muitos insumos para fabricar riqueza.

Do Brasil para os EUA

A maior parte das exportações brasileiras é de matérias-primas e insumos. Do bolo federal, US$ 22 bilhões são de bens intermediários — ou seja, tudo aquilo que ainda precisará passar por uma linha de produção antes de chegar às prateleiras. O catálogo não tem poucas linhas. São mais de mil itens, que vão de couro e gelatina a ligas de ferro e de nióbio, bem como artefatos mais elaborados, como peças para carros.

Além disso, os norte-americanos pagaram quase US$ 6 bilhões por bens de capital: máquinas e equipamentos fundamentais para fabricar riqueza. São motores, transformadores, caminhões e até aviões. Entre as aeronaves, existem tanto modelos como o Embraer Ipanema, ótimo para pulverizar lavouras, quanto os jatinhos para executivos rasgarem os céus e terem tempo para visitar os investimentos. Tudo ferramenta de trabalho.

Há também as vendas da indústria petroquímica para o exterior. A receita de 2024: quase US$ 6 bilhões. Nada de gasolina. Quase tudo é matéria-prima, como o petróleo cru e o betume, material para fazer asfalto.

Com produtos para o consumidor final, ficou a menor fatia: US$ 5 bilhões. Em tese, o catálogo tem apenas aquilo que terá sua aplicação derradeira. Podem ser roupas, cremes, objetos, papéis de diversos tipos etc. Na prática, grande parte vem da venda de alimentos, com o suco industrial de laranja como o maior destaque, responsável por US$ 1 de cada US$ 5 os embarques desse segmento.

Quase no copo de Trump

De fato, a maior parte da bebida vai para a geladeira do mesmo jeito que chegou ao país. No máximo, uma reembalagem para fracionar. Entretanto, de 15% a 20% pegam um desvio direto para as fábricas. Serve para a fabricação de doces, confeitos e refrigerantes. No catálogo, um ícone da Coca-Cola e da cultura pop: a Fanta. O refresco não existiria sem a importação de suco de laranja. E daí partem os embarques paulistas.

Estado dos negócios

Os paulistas são os maiores fornecedores brasileiros para os norte-americanos. E não há quem compre mais produtos de São Paulo que os EUA. Um é o maior parceiro do outro na balança comercial nacional. E a chave desse sucesso vem da indústria — caso raro para o Brasil.

Dos US$ 13,5 bilhões que os paulistas ganharam com venda para os EUA, US$ 12,5 bilhões foram de produtos industriais. E a maior parte é de produtos fabricados para servir como insumo e matéria-prima para outras linhas de montagem. É outro catálogo sem fim: couro, ligas metálicas, gorduras, celulose, óleos minerais como o petróleo etc.

Os chamados bens intermediários da indústria paulista renderam quase US$ 5 bilhões. A cifra se soma a outros US$ 4,5 bilhões com bens de capital e praticamente US$ 1 bilhão entre petróleo e betume.

Assim, tanto para os paulistas quanto para o restante dos brasileiros, o mercado norte-americano é uma chuva de dinheiro. Todavia, a gordura nos caixas ao sul significa matéria-prima para fabricarem muito lucro no norte da América. Nada de alguém acima ou abaixo de algo. Em vez disso, lógica do mercado é great to all, ontem, hoje e again.

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