Cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, desvendaram como o Temnodontossouro, um réptil pré-histórico conhecido como dragão marinho, conseguia caçar no escuro do fundo do mar. O estudo feito a partir de um fóssil de aproximadamente 183 milhões de anos revelou que o animal conseguia chegar muito perto das presas sem ser percebido graças a adaptações em suas nadadeiras.
A descoberta foi publicada nessa quarta-feira (16/7), na revista científica Nature. O Temnodontossouro é um gênero extinto de ictiossauros gigantes que evoluiu dos répteis terrestres e podia passar dos 10 metros de comprimento.
O fóssil da nadadeira analisada, com cerca de 1 metro, foi descoberto por um colecionador em uma obra rodoviária na Alemanha e, posteriormente, entregue para centros de pesquisa na Europa para análise.
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Caçador noturno eficiente
A equipe sueca, em parceria com pesquisadores internacionais, identificou uma adaptação furtiva inédita no animal. A nadadeira do réptil possuía estruturas únicas que reduziam o ruído do nado, permitindo que ele se aproximasse silenciosamente de suas presas. Além disso, o esqueleto não se estendia até a ponta da nadadeira, tornando-a mais flexível.
“O formato da nadadeira semelhante a uma asa, além da ausência de ossos na extremidade distal e a borda posterior nitidamente serrilhada, indicam que esse grande animal desenvolveu mecanismos para minimizar a produção de som durante o nado. Assim, esse ictiossauro deve ter se movido quase silenciosamente pela água, de forma semelhante às corujas modernas, que voam silenciosamente ao caçar à noite”, explica o paleontólogo e principal autor do estudo, Johan Lindgren, em comunicado.
Através de simulações computacionais, os pesquisadores confirmaram que a nadadeira ajudava a manipular o fluxo da água em torno do corpo do animal, diminuindo o ruído e aumentando sua furtividade no ambiente marinho.
Outra característica impressionante
Outra traço característico do Temnodontossauro é que ele tinha olhos do tamanho de pratos, possuindo o maior órgão já documentado em qualquer vertebrado vivo ou extinto. Através dessa vantagem, o animal conseguia se adaptar ainda mais em ambientes de pouca luminosidade, como em águas profundas.
O réptil pré-histórico tinha olhos incrivelmente grandes
“O fóssil fornece novas informações sobre os tecidos moles da nadadeira desse imenso leviatã, apresenta estruturas nunca vistas em um animal e revela uma estratégia de caça única, tudo isso combinado com o fato de que suas características redutoras de ruído podem até nos ajudar a reduzir a poluição sonora causada pelo ser humano”, diz o coautor do estudo, Dean Lomax, paleontólogo da Universidade de Manchester, na Inglaterra.
Lomax acredita que essa descoberta pode ser uma das mais significativas já feitas com fósseis, oferecendo pistas sobre comportamento, anatomia e adaptações evolutivas.
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