Cientistas da NASA identificaram um possível mecanismo químico que poderia permitir a formação de estruturas semelhantes a células em Titã, lua de Saturno, mesmo em temperaturas abaixo de −100 °C. O estudo aponta que, mesmo sem água, compostos presentes na superfície da lua podem formar vesículas moleculares, estruturas fundamentais para o surgimento da vida.
A pesquisa foi publicada no International Journal of Astrobiology. A descoberta reforça o interesse científico em Titã, único corpo celeste além da Terra com lagos e rios em estado líquido, embora formados por metano e etano, e não por água. O cenário extremo e a complexidade química do ambiente sugerem que, apesar das diferenças, condições mínimas para a origem da vida podem existir fora do nosso planeta.
Formação de estruturas complexas em Titã
Para que exista vida, é essencial a presença de células ou, ao menos, de estruturas que as antecedem.
O estudo foca nas vesículas, bolhas microscópicas formadas por moléculas conhecidas como anfifílicas, que possuem uma parte que se liga à água e outra que se liga a substâncias oleosas.
Essas moléculas são comuns em detergentes e são fundamentais na formação de membranas celulares.
Mesmo em um ambiente sem água como Titã, os pesquisadores acreditam que as anfifílicas poderiam formar bicamadas capazes de isolar pequenas quantidades de líquido (um processo semelhante ao que ocorre na formação de células na Terra).
Segundo o modelo, o impacto de uma gota de chuva nas superfícies líquidas de Titã pode provocar a reorganização dessas moléculas, criando estruturas com potencial para evoluir em algo mais complexo.
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Indício de ordem e complexidade
A existência de qualquer vesícula em Titã demonstraria um aumento de ordem e complexidade, que são condições necessárias para a origem da vida.
Conor Nixon, do NASA Goddard Space Flight Center
Em um comunicado, Nixon destacou que essas novas hipóteses podem abrir caminhos importantes para futuras pesquisas e alterar a forma como se busca por vida extraterrestre nesse satélite.
Conceito artístico da chegada da Missão Dragonfly em Titã e seus voos pela atmosfera (Imagem: NASA/JPL)
A pesquisa alimenta as expectativas para a missão Dragonfly, da NASA, que deve ser lançada em julho de 2028. A missão levará um drone científico até a superfície de Titã, com o objetivo de analisar diretamente sua química e condições ambientais. A expectativa é que, com dados mais precisos, seja possível confirmar ou refinar os modelos atuais sobre a formação de protocélulas na lua de Saturno.
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