Como a inteligência artificial pode acelerar tarefas e otimizar o tempo no trabalho

Especialistas debatem sobre como a inteligência artificial vai afetar o mercado de trabalho. Muitos temem que ela irá substituir a maior parte da mão de obra humana. Mas e se a IA ajudasse a otimizar o tempo e a produtividade? 

É isso que mostra um novo estudo sobre a força de trabalho no Chile e como a IA pode “acelerar” tarefas sem comprometer a qualidade. O estudo foi conduzido por Gabriel Weintraub, professor de operações, informação e tecnologia na Escola de Negócios de Stanford. E publicado na SSRN.

A pesquisa quantifica os benefícios potenciais da IA generativa e quais empregos são mais adequados para esse impulso da tecnologia. A pesquisa analisou os 100 empregos mais comuns no país. De acordo com os pesquisadores, a IA generativa pode: 

Aumentar a produtividade;  

Reduzir a burocracia;  

Reduzir o trabalho repetitivo;  

Diminuir lacunas de habilidades. 

O estudo mostra que 80% dos trabalhadores chilenos estão em empregos nos quais a IA generativa poderia acelerar pelo menos 30% de suas tarefas. O valor equivalente em salários do tempo que poderia ser economizado representa quase 12% do Produto Interno Bruto do Chile. 

80% dos trabalhadores chilenos atuam em funções onde a IA pode acelerar ao menos 30% das tarefas (Imagem: Girts Ragelis/Shutterstock)

Para que isso aconteça, no entanto, é necessário que haja a implementação de treinamentos e políticas corretas. Essas medidas precisam estar em vigor agora. 

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Como o estudo foi conduzido

Para desenvolver a pesquisa, os autores coletaram dados da Workhelix, uma empresa sediada nos EUA, que divide cada trabalho em um conjunto de mais de 200.000 tarefas interdependentes. Em seguida, cada tarefa foi pontuada de acordo com o quanto a IA generativa pode otimizar seu tempo de conclusão, reduzindo esse tempo em pelo menos 50%, sem comprometer a qualidade. 

O resultado é o que os pesquisadores chamam de “oportunidade de aceleração”, uma medida de quanto um trabalho pode se tornar mais eficiente com as ferramentas atuais de IA. Em média, a IA aumentou a eficiência em 48% para todos os cargos. As ocupações que pontuaram mais alto foram: 

Desenvolvedores de software, com 87%;  

Especialistas em políticas públicas, com 84%;  

Analistas de dados, com 80%. 

O estudo também concluiu que empregos que exigem força física intensiva, como construção civil e empacotamento, têm menos oportunidades de integração com IA. 

IA generativa pode gerar até US$ 1,7 bilhão por ano em valor para contadores no Chile
(Imagem: APP_Stockphoto/Shutterstock)

Impactos na economia 

O estudo também apontou como essa otimização traria ganhos para a economia e quais carreiras teriam maior impacto. Os contadores poderiam ganhar cerca de US$ 1,7 bilhão por ano. Os advogados, US$ 1,6 bilhão. Engenheiros técnicos e operadores de varejo e armazéns, US$ 1,3 bilhão cada. 

A IA generativa também poderia aliviar a pressão sobre os serviços essenciais e o setor público. No Chile, 84 mil funcionários públicos desempenham funções que poderiam ser agilizadas por IA, entre elas: entrada de dados, redação de documentos e processamento de formulários. 

As pequenas e médias empresas (PMEs), que representam 65% da força de trabalho do Chile e 98% dos negócios, também mostram forte potencial de aceleração. Isso é especialmente visível em áreas como vendas, atendimento ao cliente e funções operacionais. No entanto, a adoção digital ainda é desigual para muitas dessas empresas, tornando necessário o apoio e o treinamento direcionados. 

Os pesquisadores ressaltam que a aplicação e os benefícios não são uniformes, já que a adoção de ferramentas digitais pode variar entre empresas e cargos. Eles defendem a adoção em funções com alta exposição à IA e baixa fricção, como, por exemplo, fluxos de trabalho administrativos em escolas, governo e PMEs. Acreditam que o sucesso nessas áreas pode impulsionar uma adoção mais ampla em outros setores. 

Desenvolvedores de software, analistas de dados estão entre os mais beneficiados pela automação com IA (Imagem: insta_photos/Shutterstock)

Cargos como executivos seniores e profissionais da saúde são menos propensos a se beneficiar diretamente, pois seu trabalho depende de interação humana, supervisão e julgamento contextual — funções que a IA ainda não é capaz de substituir. 

Aproveitar todo o potencial da IA generativa, concluem os pesquisadores, dependerá de focar onde ela pode funcionar melhor — e fazê-la funcionar na prática. 

O estudo foi coautorado por Victor Morales, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile; Álvaro Soto, chefe do centro; e Juan Eduardo Carmach, diretor de desenvolvimento da Sofofa, uma federação comercial chilena. 

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