Astrônomos capturaram o que pode ser a primeira imagem direta de um planeta esculpindo sua órbita em meio ao gás e à poeira espacial. O registro ocorreu no disco ao redor da estrela HD 135344B, localizada a 440 anos-luz da Terra.
As observações foram feitas com o Very Large Telescope (VLT), instrumento internacional instalado no Chile. A imagem em alta resolução que foi captada revela braços espirais girando no disco do planeta em formação e um ponto brilhante no centro de um desses braços, semelhante ao núcleo.
“Podemos estar observando um planeta surgir em tempo real, é algo inédito e grandioso”, disse o astrônomo italiano Francesco Maio, principal autor do estudo. A pesquisa foi publicada na revista Astronomy & Astrophysics nesta segunda-feira (21/7). “O que torna essa detecção potencialmente um ponto de virada é que estamos observando a própria luz de seu núcleo”, afirmou Maio.
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A luz de um possível protoplaneta
A equipe estima que o candidato a planeta tenha mais que o dobro da massa de Júpiter, o maior do Sistema Solar. Ele está inserido a cerca de 28 unidades astronômicas da estrela, que é aproximadamente a mesma distância entre o Sol e Netuno.
Discos como o de HD 135344B exibem cavidades, espirais e lacunas. Essas estruturas são previstas como resultado da perturbação causada por mundos em formação, que deslocam matéria enquanto orbitam, criando rastros parecidos com os de cometas até que se consolide sua atmosfera
O disco mostra cavidade de cerca de 40 unidades astronômicas e múltiplas espirais. Com análise de imagem profunda e coronógrafo, a equipe eliminou a luz estelar e conseguiu observar corretamente o disco.
A fonte luminosa identificada no disco de HD 135344B apresenta alto grau de extinção por poeira, sugerindo um ambiente ainda muito denso. A análise sugere que a luz vem do próprio protoplaneta, não refletida.
O movimento em disco também ajuda a explicar como nascem estruturas orbitais em sistemas solares jovens. Nenhum outro planeta foi detectado no disco externo de HD 135344B. O estudo estabelece que a temperatura média do planeta deve girar ao redor de 326 °C.
O Sistema Solar em números curiosos
O Sistema Solar tem oito planetas: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Plutão não é considerado um planeta, ficando em uma categoria inferior, de planeta-anão.
Somando todos os planetas, são mais de 400 luas. Só Saturno conta com 274 luas e Júpiter possui 95 luas.
Em Marte está o ponto mais alto de superfície conhecida do Sistema Solar. O Monte Olimpo, com 22 quilômetros de altura, é um vulcão que tem mais de três vezes a altura do Monte Everest. Se ele estivesse no Brasil, seu território seria maior que o estado de Minas Gerais. Supõe-se que ele esteve em erupção ininterrupta por 2 bilhões de anos.
O planeta de mais gravidade é Júpiter, com cerca de 2,5 vezes a força da gravidade da Terra. Júpiter também é o maior e o dono do dia mais curto (dá uma volta em si mesmo em só 10 horas terrestres).
O Sistema Solar não acaba após os planetas-anões. O Sol segue com uma zona de influência ativa por uma distância 100 vezes maior do que a dele para a Terra.
O ponto em que a zona gravitacional solar perde força é a chamada Heliopausa, mas o Sol segue sendo a estrela de referência por trilhões de quilômetros de uma região do espaço interestelar chamada de Nuvem de Oort.
Outra estrela, outro enigma celeste
Além do HD 135344B, outro sistema semelhante também foi analisado por uma equipe liderada pelo astrônomo Anuroop Dasgupta. Usando o VLT, os pesquisadores observaram a estrela V960 Mon e detectaram um possível companheiro celeste surgindo na estrela.
Estudos anteriores com SPHERE e ALMA já haviam mostrado braços espirais ao redor da estrela e indicavam sinais de instabilidade gravitacional. Essa instabilidade pode gerar aglomerados capazes de formar corpos celestes.
O objeto observado junto a V960 Mon pode ser um planeta jovem ou uma anã marrom. Anãs marrons são corpos com massa entre planetas gigantes e estrelas pequenas, mas sem brilho próprio suficiente.
Se confirmado, esse objeto pode representar a primeira evidência de um planeta ou anã marrom surgindo por colapso gravitacional em um disco estelar. Essa formação planetária difere do lento processo de constituição do HD 135344B e que se imagina que foi também o da Terra.
A diferença entre os dois processos pode fornecer pistas sobre os múltiplos caminhos da formação planetária.
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