Você já sentiu dor de estômago antes de uma entrevista de emprego? Ou percebeu uma dor de cabeça surgir logo após um dia emocionalmente exaustivo?
Essas reações não são uma coincidência. Elas são exemplos de como nossas emoções podem impactar diretamente o funcionamento do corpo, em um fenômeno conhecido como psicossomatização.
O que é psicossomatização?
Psicossomatização é o processo pelo qual emoções como estresse, medo, raiva ou ansiedade se manifestam fisicamente no organismo. O termo vem das palavras gregas “psique” (mente) e “soma” (corpo), e representa essa conexão entre o emocional e o físico.
Como as emoções afetam o corpo?
O cérebro não diferencia o que é real do que é imaginado. Por isso, cenários mentais criados, especialmente por pessoas ansiosas, são interpretados como se estivessem de fato acontecendo. O corpo reage instintivamente a essas situações.
Em momentos de forte carga emocional, como uma crise de ansiedade ou estresse intenso, o cérebro ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Esse sistema libera hormônios como o cortisol e a adrenalina, substâncias que preparam o corpo para reagir rapidamente, como fugir ou lutar.
Esse mecanismo é útil em situações pontuais, mas quando essas reações se tornam frequentes ou prolongadas, o corpo sente os efeitos. Entre os sintomas mais comuns da psicossomatização estão:
Taquicardia;
Distúrbios gastrointestinais, como diarreia, náusea ou vômitos;
Tensão muscular e dores nas costas ou no pescoço;
Dores de cabeça;
Tontura e sensação de desmaio;
Alterações na pressão arterial;
Formigamentos ou dormência muscular.
Exemplos:
Casos de psicossomatização são mais comuns do que se imagina. Vejamos alguns exemplos:
Pessoas que vivem em estado constante de ansiedade podem apresentar sintomas físicos intensos, como palpitações e distúrbios intestinais;
Profissionais submetidos a estresse crônico no trabalho têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, insônia e dores musculares persistentes;
Indivíduos que passaram por luto ou término de relacionamento e não buscaram apoio emocional podem apresentar fadiga, alterações no apetite e até quadros de dor crônica.
Fatores que influenciam a psicossomatização
É importante lembrar que nem todas as pessoas que enfrentam emoções intensas desenvolvem sintomas físicos. A manifestação psicossomática depende de diversos fatores, como:
Nível de consciência emocional;
Capacidade de identificar, processar e expressar emoções;
Presença de suporte social e rede de apoio;
Condições da saúde física.
Além disso, nem todo sintoma é necessariamente resultado de um estado emocional. A saúde física deve sempre ser considerada.
Por exemplo, taquicardia pode estar relacionada a doenças cardiovasculares. Desmaios podem indicar deficiência de vitaminas. Problemas gastrointestinais e dores de cabeça podem ter relação com má alimentação e noites mal dormidas.
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Como lidar com emoções fortes?
Embora a psicossomatização não seja uma doença em si, ela pode ser um sinal de que a saúde mental precisa de atenção.
A melhor forma de prevenir ou lidar com os sintomas psicossomáticos é desenvolver estratégias saudáveis para enfrentar as emoções. Algumas recomendações são:
Psicoterapia
A terapia é um dos recursos mais eficazes para o cuidado da saúde mental. Por meio dela, é possível elaborar e ressignificar emoções e sentimentos, além de desenvolver a autoconsciência.
Atividade física
Exercícios regulares ajudam a reduzir os níveis de cortisol e aumentam a produção de endorfinas, promovendo melhora no humor e no bem-estar físico. Além de ajudarem no controle do peso e na prevenção de doenças crônicas.
Meditação
Técnicas como a meditação de atenção plena têm eficácia comprovada na redução do estresse e na melhora de sintomas psicossomáticos, como dores e insônia.
Hobbies
Atividades como escrever, desenhar, pintar ou tocar um instrumento são formas eficazes de canalizar emoções. Pesquisas indicam que ter hobbies e praticar arteterapia contribui para a regulação emocional e redução de sintomas físicos associados ao estresse.
Em resumo, falar sobre o que se sente, buscar apoio profissional e adotar hábitos saudáveis são formas eficazes de evitar que as emoções se tornem um fardo para o corpo.
Ter autoconsciência, adquirida ao longo da vida ou com a ajuda de especialistas, é um passo importante para identificar possíveis sinais de psicossomatização.
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