Imagine acordar todos os dias sabendo que o seu país vai deixar de existir. Ainda não há uma data exata, mas os moradores de Tuvalu já estão cientes do que vai acontecer com esse pequeno conjunto de 9 ilhas na Oceania.
De acordo com a ONU, é muito provável que Tuvalu seja o primeiro país do mundo a se tornar inabitável por causa das mudanças climáticas. Por se tratar de um arquipélago pequeno e baixo (cujo pico máximo atinge apenas 5 metros de altura), ele não vai resistir à elevação do nível do mar.
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Como já mostramos aqui no Olhar Digital, as autoridades locais já têm planos para levar toda a memória e a riqueza cultural desse povo para o ambiente virtual. Desde o fim de 2022, Tuvalu se prepara para se tornar a primeira “nação digital” da história.
Mas o que fazer com toda a população que vive fisicamente hoje por lá? A solução passa por um acordo com o maior país do continente: a Austrália.
Conheça o Tratado da União Falepili
As duas nações assinaram esse tratado em 2023.
No texto, os países prometeram “se comprometer a trabalhar juntos diante da ameaça existencial representada pelas mudanças climáticas”.
E como a Austrália vai contribuir com essa “ameaça existencial” a Tuvalu? Recebendo os cidadãos do país vizinho.
O ano de 2025 marcou a estreia de um programa de “vistos climáticos”.
A ideia é conceder o documento a centenas de tuvaluanos todos os anos.
O visto garante o direito a viver, estudar e trabalhar na Austrália de forma permanente.
Também assegura que os novos cidadãos tenham acesso à educação, saúde, renda básica e apoio familiar.
De acordo com o Departamento de Relações Exteriores e Comércio da Austrália, essa primeira leva permitirá a chegada de 280 pessoas.
A expectativa é que o programa de vistos climáticos, em conjunto com outras iniciativas, permita, anualmente, a migração de 4% dos tuvaluanos.
Ou seja, a previsão é que 40% da população já tenha deixado a ilha dentro de uma década.
Adesão elevada
Deixar o próprio país não deve ser nada fácil, certo? Errado no caso de Tuvalu. O arquipélago possui entre 10 e 11 mil habitantes e, desse total, 5.157 já entraram com solicitações pelos vistos climáticos australianos. Estamos falando, portanto, de cerca de 50% do total!
Como dissemos acima, apenas 280 pessoas foram selecionadas para obter o benefício. Aqueles que não obtiverem sucesso desta vez terão a oportunidade de se candidatar novamente no próximo ano. E no próximo. E no próximo…
Vale destacar que não existe um prazo para o fim desse acordo (a ideia é que ele valha até o momento em que Tuvalu afundar de vez). Além disso, ele é bastante flexível no sentido de permitir que os tuvaluanos voltem para o país de origem caso queiram.
É uma história que parece ter saído da ficção, mas que deve ser a realidade de muitas cidades nas próximas décadas. Além do aumento do nível do mar, as mudanças climáticas podem causar eventos extremos em diversos locais litorâneos. Esses eventos vão da salinização do solo a ciclones cada vez mais destrutivos.
As informações são do IFL Science.
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