A Kraft Heinz avalia dividir parte de seus negócios e criar uma nova empresa, com o objetivo de aumentar o retorno aos investidores e reverter os efeitos negativos da megafusão realizada em 2015. A possível cisão pode envolver marcas consolidadas, como o queijo Velveeta, e resultar em uma nova entidade avaliada em até US$ 20 bilhões, o que faria do negócio o maior no setor de bens de consumo em 2025.
A companhia, sediada em Chicago e Pittsburgh, nos Estados Unidos, não comentou oficialmente os planos. Desde a fusão entre Kraft e HJ Heinz, apoiada pela Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, as ações perderam cerca de dois terços do valor, frustrando o objetivo inicial de cortar custos e ampliar presença internacional.
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O mercado de alimentos embalados nos EUA sente o impacto da diminuição dos gastos dos consumidores depois da pandemia e do crescimento do movimento social Make America Healthy Again, liderado pelo secretário de Saúde do país, Robert F. Kennedy Jr.
Produtos práticos da Kraft Heinz, como Lunchables, enfrentam críticas crescentes. Em maio, a empresa, avaliada em US$ 33,3 bilhões, anunciou que analisava alternativas estratégicas, depois que representantes da Berkshire Hathaway deixaram o conselho.
Segundo banqueiros, a saída pode indicar perda de confiança na empresa. A nova operação pode desfazer a fusão de US$ 45 bilhões de dez anos atrás, mas os detalhes sobre como as aproximadamente 200 marcas seriam divididas ainda não estão definidos.
A divisão de condimentos, liderada pelo ketchup Heinz e pelo cream cheese Philadelphia, registrou US$ 11,4 bilhões em vendas no último ano, com potencial de crescimento internacional. Analistas e banqueiros avaliam que esse segmento isolado poderia alcançar um valor superior ao da empresa como um todo.
JUST IN: SMUCKER’S announces they’re removing artificial colors and dyes from their foods. This comes just days after Nestle, Kraft Heinz, & General Mills made the same announcement.
RFK Jr is gutting the FDA and removing the corrupt, while simultaneously pressuring companies to… pic.twitter.com/cc1y4Xw9vz
— TraderJill (Leigh) (@RealTraderJill) July 2, 2025
Já o restante, com vendas de US$ 14,5 bilhões em marcas tradicionais como Oscar Mayer, enfrenta forte concorrência de marcas próprias de supermercados e deve manter avaliação semelhante à atual, pouco abaixo de nove vezes o lucro.
A separação dos negócios é vista como arriscada por analistas, que avaliam que o benefício imediato para os investidores pode ser limitado. Um ganho maior dependeria da venda de uma das divisões a outro grupo do setor.
“Não parece haver muito potencial de crescimento”, afirmou Peter Galbo, analista do Bank of America. “Depende mesmo de uma aquisição futura”, disse ao jornal The Wall Street Journal.
Marcas da Kraft Heinz têm potenciais compradores
Banqueiros observam que o conselho da Kraft Heinz pode ter se inspirado na recente cisão da Kellogg, considerada bem-sucedida. A Ferrero, por exemplo, adquiriu o negócio de cereais WK Kellogg por US$ 3,1 bilhões neste mês, enquanto a Mars comprou a fabricante de Pringles, Kellanova, no ano passado, por cerca de US$ 36 bilhões.
Entre os possíveis compradores para a divisão de condimentos da Kraft Heinz estão McCormick, Unilever e Nestlé, segundo banqueiros. O segmento ligado à Kraft, de crescimento mais lento, pode chamar a atenção de empresas interessadas em fortalecer parcerias com redes como Walmart e Kroger, avalia Dave Wagner, gestor de portfólio da Aptus Capital.
No entanto, Wagner acredita que encontrar compradores para esse segmento poderá ser difícil. As vendas totais da Kraft Heinz caíram 3% em 2024, o que reduziu as projeções de receita e lucro para o restante do ano. “Se você mantiver a empresa como está agora ou dividi-la, ambos terão algum tipo de prejuízo”, disse Wagner. “Provavelmente não seriam alvos de aquisição de primeira linha”, explicou ao Wall Street Journal.
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