ONU cobra empresas por tecnologia limpa em data centers

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo direto às empresas de tecnologia para utilizarem 100% de energia renovável em seus data centers até 2030, em meio ao crescente uso de combustíveis fósseis para suprir a demanda energética da inteligência artificial.

A declaração foi feita nesta terça-feira (22), na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, conforme revela a Reuters.

“O futuro está sendo construído na nuvem. Deve ser alimentado pelo sol, pelo vento e pela promessa de um mundo melhor”, afirmou Guterres, destacando que, apesar da retomada de fontes poluentes por alguns países, a transição para energias limpas é inevitável.

Retrocessos ambientais em nome da IA preocupam a ONU (Imagem: Alexander Limbach/Shutterstock)

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O apelo ocorre na véspera do lançamento do novo Plano de Ação para a IA do governo dos EUA, que será apresentado pelo presidente Donald Trump.

O plano deve flexibilizar regras de uso da terra e de produção energética, visando acelerar a construção de usinas a gás, carvão e nuclear — fontes que, segundo Trump, são essenciais para manter os EUA competitivos frente à China na corrida global pela liderança em inteligência artificial.

Trump também declarou estado de emergência energética nacional, justificando a medida pela enorme demanda de eletricidade para alimentar sistemas de IA e centros de dados.

Ao mesmo tempo, assinou a lei One Big Beautiful Bill, que restringe incentivos para energia solar e eólica, hoje as principais fontes renováveis em expansão.

Líder da ONU alerta para impactos climáticos do avanço da IA e pede fim do uso de carvão e gás em data centers – Imagem: ocphoto/Shutterstock

Metas climáticas precisam ser cumpridas

Guterres criticou essas medidas e reforçou que governos devem apresentar novos planos climáticos nacionais até setembro, para cumprir as metas do Acordo de Paris e evitar retrocessos.

Ele defendeu que a nova demanda energética global deve ser suprida com fontes renováveis e que tecnologias mais eficientes de uso de água para resfriamento também sejam adotadas nos centros de dados.

A declaração da ONU reacende o debate sobre o custo climático do avanço tecnológico — e sobre quem arcará com o preço ambiental da revolução da inteligência artificial.

Corrida da IA alavanca novos data centers, aumenta demanda energética e leva empresas a usarem fontes não renováveis de energia (Imagem: Oleksiy Mark/Shutterstock)

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