No início do mês, astrônomos descobriram o terceiro objeto interestelar já detectado em nosso Sistema Solar. O 3I/ATLAS atraiu a atenção de cientistas do mundo todo, incluindo alguns com histórico bastante questionável. Esta semana, foi divulgado um estudo afirmando que o cometa poderia ser parte de uma tecnologia extraterrestre “possivelmente hostil” disfarçada.
É importante destacar que a pesquisa não foi revisada por pares e foi conduzida por um grupo pequeno de cientistas, incluindo Avi Loeb, que ficou conhecido nos últimos anos por afirmações, no mínimo, sensacionalistas e pesquisas desmentidas.
Mas o que diz o estudo sobre o novo visitante interestelar?
A pesquisa foi publicada no último dia 16 no servidor de pré-impressão arXiv. No artigo, os pesquisadores afirmam ter realizado um exercício de “análises adicionais sobre a astrodinâmica do 3I/ATLAS” e levantaram a hipótese de que o objeto poderia ser tecnológico e “possivelmente hostil”, conforme a resolução da “Floresta Negra” para o “Paradoxo de Fermi”.
A “Floresta Negra” é uma hipótese da astronomia que tenta explicar por que nunca encontramos civilizações alienígenas, partindo do pressuposto de que extraterrestres estariam escondidos e evitando ativamente serem detectados (em resumo). Já o “Paradoxo de Fermi” questiona a alta probabilidade de existência de civilizações extraterrestres inteligentes e a ausência de evidências observáveis delas.
Ambas são apenas hipóteses que servem mais como reflexões do que como base para descobertas extraterrestres. No entanto, no estudo, os autores argumentam que a velocidade incomum do objeto poderia indicar que se trata de algo além de um cometa. O 3I/ATLAS é significativamente mais rápido que o ‘Oumuamua e o cometa Borisov, os outros dois objetos interestelares já identificados pela humanidade.
Em um artigo em seu blog explicando a pesquisa, Loeb afirma que a trajetória do 3I/ATLAS “oferece vários benefícios a uma inteligência extraterrestre” que possa estar usando-o para espionar a Terra. Ele também destaca as futuras aproximações do cometa com Júpiter, Marte e Vênus.
Sobre a velocidade, Loeb diz que ela seria útil para dificultar a interceptação do objeto. Os pesquisadores também argumentam que não há evidências suficientes para concluir que o 3I/ATLAS seja um cometa.
Por fim, Loeb admite que o cenário de tecnologia alienígena é uma aposta arriscada: “De longe, o resultado mais provável será que o 3I/ATLAS seja um objeto interestelar completamente natural, provavelmente um cometa”, completa em seu blog.
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Histórico controverso
Esta não é a primeira vez que Loeb faz esse tipo de afirmação. Anteriormente, ele já havia sugerido que o formato incomum e a aceleração não gravitacional do ‘Oumuamua eram sinais de que se tratava de uma sonda alienígena — hipótese rapidamente descartada.
Também partiu dele a teoria de que nosso Universo teria sido criado em laboratório, além da ideia de que esferas metálicas encontradas no fundo do oceano seriam tecnologia alienígena. E isso é apenas uma pequena amostra do currículo de Loeb.
Novo objeto interestelar é um cometa?
Desde sua descoberta no início do mês pelo Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS), o 3I/ATLAS passou por inúmeras observações. Com isso, imagens do recém-inaugurado telescópio Vera C. Rubin confirmam que o objeto é, de fato, um cometa.
“Qualquer sugestão de que ele seja artificial é um absurdo e um insulto ao empolgante trabalho em andamento para entender este objeto”, disse Chris Lintott, astrônomo da Universidade de Oxford que fez parte da equipe que simulou as origens galácticas do 3I/ATLAS, à Live Science.
O 3I/ATLAS foi descoberto em 1º de julho em imagens capturadas pelo sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), financiado pela NASA. (Imagem: ATLAS/Universidade do Havaí/NASA)
Os dados do supertelescópio também fornecem uma nova estimativa para o tamanho do cometa: seu núcleo teria aproximadamente 5,6 quilômetros.
A análise mostra que a coma empoeirada (a atmosfera difusa ao redor do núcleo) do cometa está se expandindo. Em junho, ela tinha o tamanho da Terra; agora, seu raio aumentou quase três mil quilômetros.
O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto desse tipo a ser registrado na história, após o asteroide ‘Oumuamua (2017) e o cometa Borisov (2019).
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