Neste mês de julho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou a recomendação do uso do medicamento lenacapavir, uma substância usada no tratamento da Aids e que também pode atuar na prevenção do HIV, vírus que causa a doença.

Segundo a organização, isso pode fazer com que haja uma melhora significativa no combate ao vírus em todo o mundo. O medicamento foi aprovado em junho pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, para ser uma opção de profilaxia pré-exposição (PrEP), uma estratégia que utiliza medicamentos para evitar a infecção pelo HIV. 

O composto funciona como uma espécie de complemento ao preservativo. De acordo com ensaios clínicos, o lenacapavir tem eficácia de 99,9% na prevenção da infecção. Na sequência deste conteúdo, você fica sabendo tudo sobre o remédio.

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Como o lenacapavir funciona contra o vírus HIV?

O lenacapavir, cujo nome comercial é Yeztugo, é um medicamento antirretroviral injetável que trabalha como inibidor do desenvolvimento do HIV. 

De acordo com a farmacêutica Gilead, responsável pela fabricação do lenacapavir, o medicamento é capaz de evitar a replicação do HIV em diversos estágios. Para isso, ele interfere em várias etapas essenciais desse processo.

Basicamente, ele bloqueia a conexão de proteínas importantes, interferindo na estruturação e liberação do vírus. Com isso, o HIV não consegue formar o chamado capsídeo — uma estrutura que contém seu RNA e permite sua entrada nas células humanas. Ao impedir a formação do micro-organismo, o composto não deixa que o HIV se replique, controlando a infecção.

Aplicação

O medicamento deve ser aplicado por meio de uma injeção no braço, coxa ou abdômen da pessoa que vai realizar o tratamento de prevenção ao HIV. O composto já é utilizado nos Estados Unidos desde 2022, mas somente para quem já está infectado com o vírus e possui resistência a antirretrovirais comuns. Mas, agora, foi aprovado para prevenção da doença no país norte-americano.

Após a aplicação, o medicamento começa a ser liberado de maneira lenta no organismo da pessoa, agindo em torno de seis meses. Depois disso, é necessário que a pessoa receba uma nova aplicação para que o efeito protetor seja mantido. 

Quando o medicamento chega ao Brasil?

Ainda não se sabe quando o medicamento chegará ao Brasil. Porém, no dia 3 de abril, a Gilead enviou a solicitação de registro à Anvisa, que, conforme nota emitida à Agência Einsten, afirmou que “existem dois pedidos de registro de produto contendo o referido ativo. Um na forma farmacêutica solução injetável e o outro na forma farmacêutica de comprimidos.”

Entretanto, o pedido inicial não veio com a indicação como PrEP, o que pode atrasar ainda mais a ampliação para uso como prevenção. Vale destacar que a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) é oferecida de maneira gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) desde que o paciente faça o acompanhamento médico regularmente. 

Diferencial do lenacapavir

O medicamento tem como diferencial o seu mecanismo de atuação, pois em vez de interferir na produção do material genético do HIV, como outros remédios fazem, ele trabalha na inibição da formação do capsídeo, como abordado acima neste conteúdo.

Caso a pessoa esteja em risco de exposição ao vírus, ela pode realizar o tratamento preventivo com lenacapavir para impedir a infecção por HIV.

Além disso, ele é injetável e deve ser tomado apenas duas vezes ao ano. Diferente do que é feito atualmente na PrEP, na qual o paciente faz o uso diário de um comprimido antirretroviral por pessoas que não têm o HIV, mas estão expostas à infecção. 

Também há um tratamento chamado PEP (Profilaxia Pós-Exposição), que é uma forma urgente de prevenção para quem foi exposto ao vírus. Nesse caso, são utilizados dois medicamentos antirretrovirais por 28 dias seguidos para que o HIV seja eliminado. Vale destacar que o lenacapavir não é indicado para ser utilizado como um substituto direto desse método.

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