Mal de Parkinson é fatal? Entenda a doença que acometeu Ozzy Osbourne

O mundo foi tomado de surpresa com a morte do músico e compositor Ozzy Osbourne. Acometido pelo Mal de Parkinson, diagnosticado em 2020, o cantor britânico que recentemente havia se despedido dos palcos é mais uma das milhões de vítimas dessa doença neurodegenerativa que afeta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o planeta.

Ícone do heavy metal e conhecido por sua presença explosiva nos palcos, Ozzy enfrentava há anos os efeitos debilitantes do Parkinson, uma condição que afeta progressivamente os movimentos do corpo e, em estágios avançados, compromete também outras funções vitais. Mas o Mal de Parkinson é fatal?

O que é o Mal de Parkinson e como afeta o corpo?

Localização da “substância negra” no cérebro, responsável por origem da doença de parkinson (Imagem: Dall-E/Danilo Oliveira/Olhar Digital)

O Mal de Parkinson é uma doença neurológica crônica e progressiva que interfere diretamente na comunicação entre o cérebro e o corpo. Ela atinge, sobretudo, uma região chamada substância negra, responsável por produzir dopamina, um neurotransmissor vital para o controle dos movimentos voluntários.

Sem dopamina suficiente, o cérebro perde eficiência na hora de comandar o corpo. Os músculos começam a responder com lentidão, surgem tremores mesmo em repouso, a rigidez muscular se instala e o equilíbrio é afetado.

Ao contrário de muitas doenças que avançam com dor ou febre, o Parkinson se espalha em silêncio. No início, os sinais são discretos. Um tremor leve nos dedos, uma mudança quase imperceptível na letra, uma perda de expressividade facial.

Mas conforme o tempo passa, os danos se acumulam. A pessoa começa a ter dificuldade para se levantar, caminhar ou mesmo engolir. Em casos avançados, até tarefas automáticas como tossir ou respirar profundamente podem ser comprometidas.

O sistema nervoso autônomo, responsável por funções básicas como digestão, pressão arterial e frequência cardíaca, também é afetado. O corpo perde parte da sua capacidade de autorregulação. Isso torna o paciente mais vulnerável não apenas às consequências diretas do Parkinson, mas também a infecções, quedas e outras complicações que, somadas, podem levar à morte.

O Mal de Parkinson é fatal?

Imagem: R Photography Background/Shutterstock

Apesar de sua gravidade, o Parkinson em si raramenteé fatal de forma direta. O que acontece é um enfraquecimento gradual do organismo. A doença reduz a mobilidade, prejudica a coordenação motora e enfraquece músculos essenciais para a respiração e a deglutição. Isso favorece complicações secundárias que podem ser fatais, como infecções pulmonares, aspiração de alimentos e quedas com traumatismo craniano.

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Imagine o corpo humano como uma cidade. No começo, a doença fecha os semáforos da coordenação. Depois, bloqueia o tráfego das avenidas motoras. Aos poucos, os sistemas de abastecimento, limpeza e segurança entram em colapso. Não é a primeira pane que destrói a cidade, mas a sequência delas.

No Parkinson, essa sequência costuma começar com a perda de autonomia e termina com o corpo incapaz de se defender ou se manter funcionando sozinho.

Entre as causas mais comuns de morte entre pessoas com Parkinson avançado estão pneumonia aspirativa, infecções generalizadas, desnutrição e fraturas graves.

A fragilidade aumenta com o tempo, tornando a recuperação de qualquer infecção ou acidente mais difícil. Um resfriado pode virar pneumonia. Uma queda simples pode ser o começo de um declínio irreversível.

Além disso, muitos pacientes em estágios finais da doença passam longos períodos acamados. Isso favorece o surgimento de úlceras por pressão, tromboses e outras condições associadas à imobilidade. Sem uma rede de suporte adequada, esses fatores somam-se à própria progressão da doença e tornam o desfecho inevitável.

Quem foi Ozzy Osbourne? Veja o histórico da doença

Ozzy Osbourne é um dos nomes mais emblemáticos da história do rock. Nascido em Birmingham, na Inglaterra, ele ganhou fama como vocalista da banda Black Sabbath, pioneira do heavy metal, e depois seguiu uma carreira solo de grande sucesso. Conhecido por seu estilo excêntrico e voz marcante, Ozzy se tornou uma lenda viva da música, apesar de décadas enfrentando problemas de saúde e vícios.

Em janeiro de 2020, Ozzy revelou ao público que havia sido diagnosticado com Mal de Parkinson. Desde então, sua condição passou a ser acompanhada com preocupação por fãs e especialistas. O músico relatou dificuldades para caminhar, dores constantes e episódios de fraqueza. Em entrevistas, chegou a dizer que a doença era “uma tortura diária”.

A revelação de seu diagnóstico foi acompanhada por uma série de cancelamentos de shows e aparições públicas. Em 2023, sua esposa Sharon Osbourne afirmou que o estado de saúde do cantor era delicado e que ele enfrentava limitações físicas. Mesmo tentando manter-se ativo, compondo e fazendo aparições ocasionais na mídia, Ozzy foi sendo progressivamente afastado dos palcos até sua morte.

A doença de Parkinson compromete a qualidade de vida do paciente. Imagem: R Photography Background/Shutterstock

O impacto da doença sobre seu corpo e rotina foi profundo. A perda de mobilidade, somada ao histórico de cirurgias e a outras condições pré-existentes, como lesões na coluna e no pescoço, comprometeu severamente sua qualidade de vida.

Sua trajetória tornou-se um exemplo público e doloroso de como o Mal de Parkinson afeta de forma sistêmica e irreversível o organismo humano, culminando em complicações que podem ser fatais.

Apesar dos avanços no tratamento, o Mal de Parkinson continua sendo uma das grandes fronteiras da ciência médica. A doença ainda não tem cura, e seu processo degenerativo impõe desafios complexos à medicina.

Pesquisas recentes têm explorado terapias baseadas em estimulação cerebral profunda, uso de células-tronco, medicamentos dopaminérgicos de liberação controlada e até técnicas de edição genética como o CRISPR. A imunoterapia e abordagens neuroprotetoras também estão em estágio de desenvolvimento, buscando não apenas aliviar sintomas, mas interromper a progressão da doença.

Com informações de American Parkinson Disease Association.

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