Sam Altman teme “crise de fraude” da IA; entenda

Sam Altman, CEO e cofundador da OpenAI, afirmou, nesta terça-feira (22), que podemos estar à beira de uma “crise de fraude” por conta da forma como a inteligência artificial (IA) é capaz de “maquiar” a identidade de criminosos digitais.

A fala foi proferida em entrevista sobre os impactos econômicos e sociais da tecnologia realizada no Federal Reserve (FED) dos Estados Unidos.

“Uma coisa que me aterroriza é que, aparentemente, ainda existem algumas instituições financeiras que aceitarão uma impressão por voz como autenticação para você mover muito dinheiro ou fazer outra coisa – você diz uma frase de desafio e eles, simplesmente, fazem isso. Isso é uma coisa louca para ainda estar fazendo… A IA derrotou totalmente a maioria das formas pelas quais as pessoas se autenticam atualmente, além de senhas”, pontuou Altman.

Startup forneceu recomendações para plano de IA dos EUA e aumentou sua presença no Capitólio nos últimos meses (Imagem: JarTee/Shutterstock)

O executivo explicou, ainda, qual papel que ele espera que a tecnologia tenha na economia. Na plateia, estavam representantes de grandes instituições financeiras do país, informou a CNN.

Essa entrevista veio no momento exato no qual o governo de Donald Trump vai divulgar seu “Plano de Ação de IA“, visando regular a tecnologia e estimular o domínio estadunidense no setor.

Como fez no Reino Unido e em outros países, a OpenAI forneceu recomendações para o plano e aumentou sua presença no Capitólio nos últimos meses, destaca a CNN.

OpenAI firma território no governo dos EUA

Ainda nesta terça-feira (22), a OpenAI confirmou que abrirá seu primeiro escritório em Washington, DC, no começo de 2026;

Ao todo, serão 30 funcionários alocados na cidade;

Chan Park, chefe de assuntos globais da OpenAI para os EUA e Canadá, estará à frente do novo escritório, ao lado de Joe Larson, que está deixando a empresa de tecnologia de defesa Anduril para ser vice-presidente de governo da OpenAI;

O espaço será utilizado para hospedar formuladores de políticas, visualizar novas tecnologias e realizar treinamentos de IA, como para professores e funcionários governamentais;

Lá, também será o espaço para pesquisas sobre o impacto econômico da tecnologia e como melhorar seu acesso.

Mesmo Altman advertindo sobre a IA, a OpenAI pediu ao governo que impeça a regulação, que, em sua visão, pode prejudicar a capacidade das empresas do setor de brigar de igual para igual com as inovações de IA vindas do exterior.

No início de julho, o Senado estadunidense aprovou uma disposição controversa sobre o projeto de lei que constava na agenda de Trump e que teria impedido os estados de aplicar leis em cima da tecnologia por dez anos.

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Não é só Altman

Além de Altman, o FBI emitiu um alerta sobre os golpes com voz e vídeo comentados pelo CEO da OpenAI. Pais relataram que a tecnologia de voz com IA foi usada na tentativa de conseguir dinheiro ao convencer seus filhos de que estavam com problemas.

Também neste mês, autoridades locais alertaram que alguém usava a IA para clonar a voz do secretário de Estado, Marco Rubio. Essa pessoa entrou em contato com ministros das Relações Exteriores, um governador e um membro do Congresso.

“Estou muito nervoso por termos uma crise de fraude iminente e significativa. Neste momento, é uma chamada de voz; logo, vai ser um vídeo ou FaceTime que é indistinguível da realidade“, alertou Altman.

Ele também pontuou que, apesar de sua empresa não criar ferramentas de personificação, esse é um desafio que o mundo todo precisará enfrentar logo, conforme a IA evolui.

Sem contar a outra empresa de Altman, a World, que usa o Orb, fabricado pela Tools for Humanity, que promete comprovar que pessoas são elas de fato, e não imitações, supostamente, melhorando a segurança on-line.

“Estou muito nervoso por termos uma crise de fraude iminente e significativa. Neste momento, é uma chamada de voz; logo, vai ser um vídeo ou FaceTime que é indistinguível da realidade”, alertou Altman (Imagem: QubixStudio/Shutterstock)

O executivo ainda explicou que uma de suas maiores preocupações é a ideia de ter criminosos fazendo e usufruindo livre e indevidamente a “superinteligência” de IA antes que o restante do mundo tenha chegado nesse patamar, de modo a impedir possíveis ataques.

Um exemplo citado pela CNN é de um adversário dos EUA usando a IA para atacar a rede elétrica do país, ou, ainda, criar uma arma biológica. Sem contar o temor interno da possibilidade de a China superar as empresas de tecnologia locais.

Altman disse, ainda, que se preocupa com a perspectiva de perdemos o controle sobre uma IA superinteligente, ou, então, dar a ela muito poder de decisão.

Empresas, como a OpenAI, vêm buscando a superinteligência de IA. O CEO da companhia acredita que isso poderá ser alcançado na década de 2030, mas, chegando lá, ela pode vir muito além do que somos capazes. Contudo, ainda não se sabe como, exatamente, esse marco é definido, tampouco se será alcançado um dia.

Empregos serão tomados pela IA?

Altman alega não estar tão preocupado como outros executivos da tecnologia acerca do verdadeiro impacto da IA na força de trabalho. Enquanto o CEO da Anthropic, Dario Amodei, e o CEO da Amazon, Andy Jassy, dizem que ainda haverá espaço para humanos, o cofundado da OpenAI pensa que “ninguém sabe o que acontece a seguir“.

“Há muitas dessas previsões realmente inteligentes. Oh, isso vai acontecer com isso e na economia aqui. Ninguém sabe disso. Na minha opinião, isso é muito complexo de um sistema, isso é muito novo e impactante de uma tecnologia, é muito difícil de prever”, salientou.

Ele compartilhou alguns pensamentos que tem sobre o assunto, apesar de opinar que ninguém sabe como será. Segundo ele, “embora classes inteiras de empregos desapareçam”, novas funções surgirão.

O executivo repetiu uma antiga previsão feita por ele de que, caso o mundo pudesse vislumbrar o futuro daqui a 100 anos, os trabalhadores dessa época provavelmente não terão o que hoje é considerado como “empregos reais“.

Sobre sua futura força de trabalho, Altman disse que “você tem tudo que você poderia precisar. Você não tem nada para fazer. Então, você está fazendo um trabalho para jogar um jogo de status bobo e preencher seu tempo e se sentir útil para outras pessoas”.

Empresas, como a OpenAI, vêm buscando a superinteligência de IA. O CEO da companhia acredita que isso poderá ser alcançado na década de 2030 (Imagem: Fabio Principe/Shutterstock)

Mais divulgações sobre a IA da OpenAI

A OpenAI aproveitou para divulgar um relatório compilado por Ronnie Chatterji, economista-chefe da empresa, no qual descreve os benefícios de produtividade do ChatGPT para trabalhadores.

No documento, ele compara a IA a tecnologias transformadoras, como a eletricidade e o transistor. O chatbot, segundo Chatterji, tem 500 milhões de usuários no mundo todo.

Vale relembrar que o executivo atuava como coordenador da Lei CHIPS e o Act Science durante o governo Joe Biden.

Entre usuários do ChatGPT nos EUA, 20% o usam como um “tutor personalizado” para “aprendizagem e qualificação“, aponta o relatório, apesar de não ter elaborado quais tipos de coisas as pessoas vêm aprendendo com o chatbot.

O executivo ainda pontuou que mais da metade dos usuários estadunidenses do ChatGPT possuem entre 18 e 34 anos, “sugerindo que pode haver benefícios econômicos de longo prazo à medida que continuam a usar ferramentas de IA no local de trabalho daqui para frente”.

No próximo ano, Chatterji quer trabalhar com os economistas Jason Furman e Michael Strain, visando analisar mais severamente o impacto da IA nos empregos e na força de trabalho local. Essas ações também serão realizadas no futuro escritório de Washington, DC.

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