A sonda Voyager 1, da NASA, foi lançada há mais de 47 anos e segue coletando dados importantes no espaço. Um dos registros impressionantes feitos pela nave é o som do vento solar ‘batendo’ no campo magnético de Júpiter.
O barulho é semelhante ao estrondo feito por uma aeronave supersônica, mas tudo acontece de forma natural. Escute o som e entenda este fenômeno.
Som vem do choque entre o vento solar e a magnetosfera
Vamos dar um passo atrás. Como explicou o site IFLScience, se um planeta possui um campo magnético, ele possui uma magnetosfera. Esse é o espaço onde o campo magnético fica para proteger o planeta da radiação vinda do Sol.
A Terra tem uma. Júpiter também, podendo ser 16 a 54 vezes mais forte que a nossa. O campo magnético por lá pode se estender por mais de 3 milhões de quilômetros em direção ao Sol, chegando quase até à órbita de Saturno (planeta vizinho).
Quando as partículas solares encontram a magnetosfera, elas sofrem um desvio, como se fosse um fluxo de água corrente batendo em uma pedra no caminho. Na prática, o plasma do vento solar, que corre a uma velocidade de cerca de 400 quilômetros por segundo, se choca com esse campo e é desacelerada. Esse ponto de encontro entre as duas é chamado de choque de proa.
Agora imagine o vento solar a 400 km por segundo atingindo uma magnetosfera de milhões de quilômetros. O resultado é impressionante.
Voyager 1 capturou som de Júpiter
Em 1974, as sondas Pioneer 10 e 11, da NASA, capturaram o som do choque de proa em Júpiter. Na época, elas descobriram que a magnetosfera do planeta era bem menor do que se esperava, devido ao vento solar intenso que comprime a região. Isso causa um fenômeno de calor massivo dentro dessa camada, que aquece regiões de até um quarto de Júpiter (e isso acontece várias vezes por mês).
A dupla pavimentou o caminho para a Voyager 1, lançada em setembro de 1977, também com o objetivo de estudar o planeta gigante.
Escute o som do choque de proa capturada pela sonda:
Em 2016, a sonda Juno também cruzou a barreira de choque de Júpiter e capturou o som. Escute:
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Júpiter é um mundo extremo
Cada sonda, desde as primeiras Pioneers até a Juno, não deixam dúvida de que Júpiter é um mundo extremo e cheio de mistérios;
Por exemplo, a Voyager 1 descobriu que a magnetosfera de 3 milhões de quilômetros era, na verdade, bem menor do que se esperava e causava efeitos de aquecimento no planeta;
Já a Juno descobriu que a ‘fronteira’ entre a magnetosfera e o espaço, onde o vento solar chegar, é ainda mais complexa do que imaginávamos pelas missões anteriores.
Ou seja, provavelmente ainda temos muito a aprender com Júpiter.
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