Por que os pinguins não vivem nem visitam o Hemisfério Norte?

É muito comum associar a imagem do pinguim a regiões polares, como a Antártida, mas essa ave marinha também vive em climas tropicais. Então, por que será que ao longo da história não há registros de pinguins vivendo no Hemisfério Norte? 

De antemão, é bom que se diga que, mesmo sendo uma ave, o pinguim não voa e isto vale para todas as suas 18 espécies. Ao longo do tempo, suas asas se converteram em nadadeiras fortes e rígidas que transformaram o animal em um exímio nadador, com algumas espécies podendo alcançar até 40 quilômetros por hora.

Onde vivem os pinguins?

A maior parte do território brasileiro, cerca de 92%, está localizada no Hemisfério Sul, apenas uma pequena porção ao norte do país se encontra no Hemisfério Norte. Por isso, não raro vemos matérias de pinguins nadando e curtindo o litoral brasileiro. 

Como ovíparos, a incubação dos pinguins pode levar de 33 a 62 dias a depender da espécie. (Imagem: Shutterstock/Vladsilver)

Além do Brasil, os pinguins habitam outras regiões costeiras abaixo da linha do Equador, como a parte sul do continente africano, América, Antártida, Austrália e Nova Zelândia. Embora os pinguins acasalem e cuidem de seus ovos até o nascimento em terra firme, estima-se que 80% de sua vida útil seja vivida em alto mar. 

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Por que os pinguins não vivem nem visitam o Hemisfério Norte?

O Hemisfério Norte inclui regiões como América do Norte, Europa, Ásia e alguns países africanos e sul-americanos e definitivamente não é o território dessas aves, pois não há registros de pinguins vivendo nesta região no presente, nem mesmo no passado. Fósseis dessas aves nunca foram encontrados por lá. 

Isto não quer dizer que a região não ofereça condições de sobrevivência para os pinguins, regiões isoladas como a Costa da Califórnia e partes restritas do Japão e da Rússia poderiam ser um lar para essas aves, mas existem diversos fatores que impedem essa mudança. 

Pinguins são animais que também vivem no solo, principalmente para reprodução. (Imagem: (Shutterstock/Matias Popoff)

Este foi inclusive tema de um estudo publicado recentemente no Journal of Biogeography, coordenado por Amanda Mourão Santos e Ubirajara Oliveira, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais. 

Segundo os pesquisadores, o primeiro obstáculo está na travessia do sul para o norte. Ao passar por essa zona de transição entre os dois hemisférios, os pinguins vão se deparar com a região intertropical, faixa do planeta localizada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, conhecida pelas altas temperaturas ao longo de todo ano. 

Além disso, a zona tropical também é pobre em alimentos, tornando impossível a ocupação do território pelos pinguins. 

Outra razão importante está ligada ao comportamento e conexão com os antepassados. Os pinguins são animais que preferem viver e se reproduzir em ambientes conhecidos, onde aves da mesma espécie também estiveram no passado. Um conceito chamado pelos biólogos de conservação filogenética de nicho. 

Embora seja uma ave, os pinguins não voam, mas são exímios nadadores. (Imagem: Shutterstock/Jeremy Richards)

Isto significa que algumas características são perpetuadas por meio de uma herança genética que faz com que os pinguins escolham transitar por águas mais frias e ricas em alimentos como peixes, lulas e crustáceos.

A ausência dos pinguins no Hemisfério Norte, portanto, é uma confluência de fatores que envolvem barreiras físicas, limitações ecológicas e restrições evolutivas e comportamentais. 

Entender as limitações ecológicas e evolutivas dos pinguins ajuda a prever como eles podem ou não responder às alterações climáticas que estão em curso no planeta, uma vez que eles são indicadores sensíveis das mudanças nos oceanos.

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