A descoberta sobre Urano que surpreendeu astrônomos 

Muito do que os cientistas sabem atualmente sobre Urano tem como base uma exploração realizada em 1986 pela sonda Voyager 2 da NASA. Foi a partir dessa missão que se popularizou a tese de que o planeta não produz calor internamente. Mas essa ideia pode estar prestes a mudar.

Pesquisadores da Universidade de Oxford que questionavam essa hipótese decidiram desenvolver um modelo computacional capaz de calcular o balanço energético de Urano com maior precisão. 

Na prática, os cientistas compararam a quantidade de energia que ele recebe do Sol com a quantidade de energia que ele libera para o espaço na forma de luz refletida e calor emitido. Para isso, foram usadas informações sobre as neblinas, nuvens e mudanças sazonais coletadas pelo Telescópio Espacial Hubble e o Telescópio Infravermelho da NASA no Havaí.

Comparação de mudanças sazonais na refletividade do planeta (Imagem: NASA/Divulgação)

O resultado…

Após revisitar décadas de dados, a equipe descobriu que Urano libera cerca de 15% a mais de energia do que recebe do Sol. O resultado publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society se aproxima de outra descoberta em um estudo separado publicado na Geophysical Research Letters.

A pesquisa pode abrir novos caminhos de conhecimento sobre a formação do planeta que por milênios foi considerado apenas uma estrela distante. Até agora, duas hipóteses tentam explicar a “frieza” de Urano: se trata do planeta mais antigo do Sistema Solar (por isso esfriou completamente) ou uma grande colisão eliminou todo o seu calor.

Para efeito de comparação, gigantes como Saturno, Júpiter e Netuno emitem mais calor do que recebem, o que significa que o calor extra vem de dentro. Parte disso tem como fonte os processos de alta energia que formaram os planetas há 4,5 bilhões de anos, segundo a NASA.

Imagem captada pela Voyager 2 revela uma distribuição contínua de pequenas partículas por todo o sistema de anéis de Urano (Imagem: NASA/Divulgação)

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Por mais conhecimento

Revelar esse passado pode ajudar a esclarecer mistérios sobre planetas descobertos fora do sistema solar, chamados exoplanetas, já que a maioria tem o mesmo tamanho de Urano, de acordo com a agência espacial. É também uma maneira de mapear a linha do tempo de migração dos planetas para suas órbitas atuais.

“Agora precisamos entender o que significa essa quantidade remanescente de calor em Urano, bem como obter melhores medições dela”, disse Amy Simon, cientista planetária do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland.

Vistas impressionantes dos anéis de Urano captadas por telescópio da NASA (Imagem: NASA/Divulgação)

Descoberto em 1781, Urano é cercado por 13 anéis e 28 pequenas luas, girando em um ângulo de quase 90 graus. Sua inclinação única coloca cada polo voltado diretamente para o Sol em um “verão” contínuo de 42 anos.

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