Um artigo publicado no Journal of Archaeological Science: Reports traz novas evidências de que os povos da Idade da Pedra foram responsáveis por transportar enormes blocos de rocha por mais de 200 km até Stonehenge, na Inglaterra. O estudo se concentra nas chamadas “pedras azuis”, que formam o anel interno do misterioso monumento.
Embora não sejam as maiores rochas da estrutura, cada uma delas pesa até 3,5 toneladas. Por isso, durante muito tempo se debateu se elas foram movidas por pessoas ou arrastadas por geleiras durante a última era do gelo. De acordo com a nova pesquisa, foram realmente mãos humanas que realizaram esse transporte.
Em poucas palavras:
Novo estudo sugere que povos da Idade da Pedra transportaram manualmente as rochas de Stonehenge;
As chamadas pedras azuis, com peso de até 3,5 toneladas, teriam sido movidas por 200 km;
Marcas de desgaste e ausência de erosão glacial reforçam a ideia de transporte humano;
Análises químicas ligam as rochas a montanhas no País de Gales.
Pedra do Altar de Stonehenge. Crédito: Professor Nick Pearce/Universidade de Aberystwyth.
Crédito: Professor Nick Pearce, Universidade de Aberystwyth.
Segundo os autores, marcas encontradas nas pedras indicam desgaste por manipulação humana, como fragmentos com bordas danificadas de forma compatível com ferramentas ou técnicas de escultura. O estudo diz ainda que não há sinais típicos de erosão glacial, o que contraria a teoria do transporte por geleiras.
Origem e forma de transporte das pedras de Stonehenge geram discórdia
A hipótese da ação humana é reforçada por análises químicas feitas em 2023, que identificaram a origem exata de uma das rochas, chamada Pedregulho de Newall. Ela teria vindo de Craig Rhos-y-Felin, um afloramento rochoso nas Montanhas Preseli, no País de Gales.
O Pedregulho de Newall, de Stonehenge, tem a mesma composição quimica de um afloramento rochoso localizadp no País de Gales. Crédito: Bevin et al, J. Archaeol. Sci. Rep.
No entanto, há quem discorde dessa ideia. O arqueólogo Brian Stephen John, por exemplo, defende em um artigo publicado em 2024 que as pedras azuis teriam sido movidas naturalmente pelo gelo até uma área próxima, na Planície de Salisbury, e só então aproveitadas pelos construtores de Stonehenge.
Richard Bevins, autor principal do novo estudo, rebate alegando que não há vestígios de outras rochas semelhantes ao longo da suposta rota glacial. “A ausência total de rochas erráticas de doleritos pontilhados mais a leste do que nas proximidades de Narberth argumenta fortemente a favor do transporte humano”.
Os pesquisadores também reavaliaram a Pedra 32d, antes considerada dolerito manchado. Análises mostraram que ela é feita de riolita foliada, como o bloco de Newall, o que reforça a ideia de que várias pedras azuis de Stonehenge podem ter origem nas montanhas do País de Gales.
Outra pesquisa divulgada no ano passado aponta que a Pedra do Altar, no centro de Stonehenge, teria vindo de ainda mais longe que Preseli – cerca de 750 km ao norte, na Escócia.
Se a hipótese do transporte humano for verdadeira, Stonehenge é um exemplo da engenhosidade e da capacidade coletiva de povos antigos, que realizavam obras monumentais com força física e trabalho em equipe.
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A descoberta de dois círculos de pedra de cerca de cinco mil anos de idade a mais ou menos 160 km de distância de Stonehenge sugere que povos pré-históricos construíram um “arco sagrado” em torno de terras altas na região durante o período Neolítico.
Um deles é chamado de “Círculo de Dartmoor”. Composto por 20 pedras, ele é semelhante em tamanho e características de construção ao centro do “primo famoso”. A outra estrutura, que recebeu o nome de “Muralha do Irlandês”, tem apenas seis pedras, encobertas por vegetação. Saiba mais aqui.
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