O possível anúncio de incentivos do governo federal à indústria automotiva chinesa provocou forte reação entre líderes de grandes montadoras em operação no Brasil.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representantes da Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors alertam que medidas favoráveis às fabricantes da China podem resultar em um cenário de desemprego e queda de investimentos no setor nacional.
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No documento, as empresas frisam que a cadeia automotiva tem relevância expressiva na economia brasileira, sendo responsável por 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e por 20% do PIB da indústria de transformação.
O setor, segundo os executivos, gera 1,3 milhão de empregos e movimenta, anualmente, US$ 74,7 bilhões em receita.
Investimentos ameaçados
Na carta, os executivos destacam que o setor prevê R$ 180 bilhões em investimentos para os próximos anos. Desse total, R$ 130 bilhões estão direcionados à produção e ao desenvolvimento de veículos, enquanto R$ 50 bilhões devem ser aplicados no segmento de autopeças.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, disse ao jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), nesta terça-feira, 29, que os investimentos podem ser revistos caso o Brasil aprove o pacote de benefícios às fabricantes chinesas.
De acordo com os presidentes das montadoras, a importação de automóveis no modelo SKD ou CKD não promoveria avanços industriais, mas consolidaria um padrão que enfraquece o valor agregado e reduz postos de trabalho.
Além disso, a carta destaca impactos negativos para o setor de autopeças e para a qualificação da mão de obra brasileira.
“Seria uma forte involução, que em nada contribuiria para o nível tecnológico de nossa indústria, para a inovação ou para a engenharia nacional”, diz um trecho do documento obtido pelo Estadão. “Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica.”
Montadoras apostam na ‘sensibilidade’ de Lula
O documento foi protocolado no Palácio do Planalto em 15 de julho e não especifica o número de vagas em risco.
Assinam a carta Ciro Possobom, presidente da Volkswagen no Brasil; Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil; Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis na América do Sul; e Santiago Chamorro, presidente da General Motors na América do Sul.
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Os executivos encerram a carta manifestando confiança na “sensibilidade” de Lula para “preservar a isonomia concorrencial e proteger a indústria que produz no Brasil”, conforme trecho do documento.
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