TV pra cachorro? Estudo mostra que cães têm preferências diferentes

Um estudo publicado na revista científica Scientific Reports revelou que os cachorros não apenas assistem à televisão, mas têm preferências entre canais, que variam conforme a personalidade. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, investigou como o temperamento dos animais influencia o tipo de conteúdo que chama sua atenção na telinha.

Embora pareça um tema curioso à primeira vista, os resultados têm implicações importantes para o bem-estar dos pets. Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores desenvolveram a Dog Television Viewing Scale (DTVS), um questionário aplicado a 453 tutores de cães de diferentes idades, tamanhos e raças.

A ideia era identificar os padrões de comportamento dos animais diante da televisão: se eles reagem a sons, acompanham movimentos com os olhos ou chegam até a procurar por personagens atrás da tela. As respostas foram cruzadas com características de personalidade dos cães — como mais agitados, medrosos ou confiantes, por exemplo.

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O autor principal do estudo, o psicólogo comparativo Lane Montgomery, explicou que, a motivação inicial da pesquisa foi entender se a TV poderia ser usada como uma ferramenta positiva na rotina dos cães.

“Queríamos descobrir se o conteúdo audiovisual pode funcionar como enriquecimento ambiental para os cães, especialmente em ambientes como abrigos ou quando os tutores estão ausentes”, disse ele em entrevista ao Science News.

Os dados mostraram que cerca de 45% dos cães reagem com frequência a estímulos visuais ou auditivos na TV, como latidos, movimentos de outros animais ou sons do cotidiano.

A média de tempo que eles permanecem atentos à tela é de 14 minutos por sessão — algo surpreendentemente próximo ao tempo de atenção de crianças pequenas diante de desenhos animados.

Entre os perfis comportamentais mais curiosos estão os cães classificados como “mais agitados” e “brincalhões”. Esses animais demonstram grande interesse por cenas com objetos em movimento, como bolas, carros ou outros animais correndo. Montgomery compartilhou o exemplo do próprio cachorro, Jax: “Ele é especialmente fã de programas com outros cães. Chega a olhar atrás da televisão para ver para onde os personagens foram”, contou.

Por outro lado, os cães com traços mais medrosos ou ansiosos prestaram mais atenção a sons estranhos, como campainhas, buzinas e portas rangendo — elementos que, em vez de entreter, podem deixar o animal em estado de alerta. Isso acende um sinal de cautela para quem pensa em deixar a TV ligada como forma de distração. O conteúdo precisa ser escolhido com critério, respeitando o perfil do pet.

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A TV pode entreter cães em casa ou em abrigos, especialmente quando estão sozinhos, reduzindo o tédio e a ansiedade.
O estudo mostra que as preferências variam com a personalidade do cão. O que abre espaço para produções específicas para diferentes perfis caninos.
Cerca de 45% dos cães realmente reagem a estímulos na tela, como sons e movimentos, demonstrando que prestam atenção de forma ativa.
A pesquisa é uma das primeiras a mapear, com método validado, como os cães veem e interpretam conteúdos audiovisuais.

Os pesquisadores também observaram que fatores como idade, raça e o tempo de exposição à TV não influenciaram significativamente o comportamento dos cães. Em muitos casos, o envolvimento dos tutores teve papel fundamental: quando o dono reagia ao conteúdo da televisão, o cão tendia a acompanhar com mais interesse.

“A televisão pode sim ser usada para melhorar a qualidade de vida dos cães, mas precisa ser adaptada às necessidades de cada animal”, ressaltou Montgomery.

Segundo o psicólogo, o estudo abre caminho para a criação de conteúdos audiovisuais voltados exclusivamente ao público canino, não como uma brincadeira, mas como ferramenta terapêutica e de enriquecimento ambiental.

Embora assistir televisão não substitua passeios, brincadeiras e interação com humanos, o recurso pode ser especialmente útil em situações como longas ausências dos tutores ou períodos de estresse, desde que usado com moderação e inteligência.

Com base nas descobertas, os autores propõem que programas feitos para cães considerem elementos como sons agradáveis, movimentos suaves e estímulos visuais compatíveis com a personalidade do animal. Em outras palavras: talvez o que funcione para o golden retriever do vizinho não seja o ideal para o seu chihuahua.

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