Visitante interestelar que cruza o Sistema Solar é o maior já visto

Imagens inéditas capturadas pelo Observatório Vera C. Rubin, nos Andes chilenos, revelaram detalhes impressionantes sobre o cometa interestelar 3I/ATLAS. Com aproximadamente 11,2 quilômetros de diâmetro, ele é agora considerado o maior objeto interestelar já observado pela ciência. A descoberta reforça a capacidade do novo telescópio, que ainda está em fase de preparação para sua missão oficial, prevista para começar até o fim de 2025.

As imagens foram feitas no dia 21 de junho, dez dias antes da descoberta oficial do cometa, ocorrida em 1º de julho. Segundo os pesquisadores, o registro anterior demonstra o potencial do observatório para detectar visitantes cósmicos que atravessam nosso sistema solar em alta velocidade. O 3I/ATLAS, por exemplo, viaja a mais de 210 mil km/h em direção ao Sol.

3I/ATLAS é um cometa interestelar que atualmente está se dirigindo ao Sol em uma passagem única pelo Sistema Solar (Imagem: Darryl Seligman et al.)

Detalhes inéditos sobre o cometa 3I/ATLAS

Até então, os cientistas sabiam apenas que a coma do cometa — a nuvem de poeira, gelo e gás que envolve seu núcleo — podia alcançar até 24 km de largura. No entanto, o tamanho do núcleo permanecia incerto. A análise recente dos dados do Vera C. Rubin permitiu estimar um raio de cerca de 5,6 km, o que indica um diâmetro total de aproximadamente 11,2 km. A margem de erro é de cerca de 0,7 km.

Com isso, o 3I/ATLAS supera os dois únicos objetos interestelares confirmados anteriormente: o asteroide ‘Oumuamua, com cerca de 0,4 km de largura, observado em 2017, e o cometa 2I/Borisov, com núcleo estimado em 1 km, identificado em 2019. Ambos geraram grande interesse da comunidade científica, mas nenhum deles apresentou dimensões comparáveis às do novo visitante.

Até agora, os pesquisadores só haviam conseguido medições precisas da coma que envolve o 3I/ATLAS – Imagem: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/K. Meech (IfA/U. Hawaii) Processamento de imagem: Jen Miller & Mahdi Zamani (NSF NOIRLab)

Origem antiga e composição natural

Simulações indicam que o 3I/ATLAS pode ter se formado até 3 bilhões de anos antes da Terra, o que o colocaria como o cometa mais antigo já registrado. A análise também confirma sua composição natural, afastando teorias mais controversas de que se trataria de uma sonda enviada por civilizações avançadas. Os dados revelam grandes quantidades de gelo de água e poeira ao redor de seu núcleo, características típicas de cometas.

O estudo foi publicado no repositório científico arXiv no dia 17 de julho, com a participação de mais de 200 pesquisadores. O Observatório Vera C. Rubin, que abriga a maior câmera digital do mundo e prepara uma missão de dez anos para mapear o céu do Hemisfério Sul — o chamado Legacy Survey of Space and Time (LSST).

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Futuro promissor para observação interestelar

O fato de o 3I/ATLAS ter sido registrado dias antes de sua identificação oficial mostra o impacto que o Vera C. Rubin pode ter na detecção de objetos de fora do Sistema Solar. Especialistas preveem que o observatório poderá encontrar até 50 novos objetos interestelares na próxima década.

Observatório Vera C. Rubin, instalado no cume da montanha Cerro Pachón, no deserto do Atacama, Chile. Crédito: H.Stockebrand/RubinObs/NOIRLab/SLAC/DOE/NSF/AURA

As primeiras imagens divulgadas pelo telescópio, ainda em junho, já haviam chamado atenção por revelarem mais de 10 milhões de galáxias em detalhes inéditos. Com o avanço de sua operação, espera-se que o instrumento contribua significativamente para o entendimento de fenômenos cósmicos raros e da origem dos cometas que cruzam nosso caminho.

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